O controle de preços dos combustíveis tornou-se um dos principais motivos para o resultado negativo da Petrobras em 2012. Tal controle por parte do acionista majoritário (Governo Federal) manteve uma forte defasagem dos preços no mercado doméstico em relação ao mercado internacional.
Em que pese o baixo crescimento da economia no Brasil, o setor automotivo vem exibindo musculatura suficientemente crescente para aumentar a demanda por combustíveis. Obrigando a Petrobras a elevar as importações de gasolina e diesel, ocasionando um prejuízo de R$ 34,2 bilhões na área de abastecimento.
O prejuízo representa um crescimento de 136% em relação ao ano de 2011. O resultado operacional frustrante pode ser atribuído a diversos fatores, tais como: de custos, baixa de poços secos e a estagnação da produção, tanto doméstica quanto internacional.
Ao utilizar o famoso jeitinho brasileiro, a Petrobras, melhorou seu resultado ao reconhecer receitas financeiras de R$ 2,6 bilhões, oriundas de operações contábeis com títulos públicos e reconhecimento de juros de depósitos judiciais.
Outro fator que chamou a atenção do mercado foi a redução de pagamentos de dividendos. Pela primeira vez o dividendo dos papéis ON (ordinária, com direito a voto) será muito menor do que o dos PN (preferenciais, sem direito a voto), R$ 0,47 e R$ 0,96 por ação, respectivamente. Com esta decisão a impressão que foi repassada ao mercado é de que a empresa pretende elevar seu caixa e financiar seus investimentos à custa dos acionistas, por meio da diminuição do pagamento de dividendos.
Os investimentos que a empresa precisa fazer são cruciais para o Brasil. A Petrobras é detentora da tecnologia para exploração de petróleo em águas profundas, leia-se pré-sal, quanto ao fornecimento de gás, que em momentos de insegurança energética como a que aconteceu recentemente é fundamental para a garantia do fornecimento de energia elétrica e também para o desenvolvimento de energias renováveis.
É de grande relevância que a Petrobras mantenha-se forte e ativa na economia brasileira, pois pequenas e médias empresas que nunca teriam oportunidade hoje são grandes fornecedoras da petroleira. Observa-se que da indústria naval a estatal vai comprar 296 novas embarcações até 2020, sendo que a grande maioria de estaleiros brasileiros. Das 58 sondas que devem ser adquiridas até 2018, somente nove serão contratadas em licitação internacional, as demais serão produzidas aqui no país, conforme consta no projeto de investimentos da companhia.
Se por um lado o governo age para aquecer a economia, ao incentivar o consumo das famílias e desonerar os impostos da cadeia automobilística, por outro lado, cria demanda por combustíveis e derivados e age como acionista majoritário para evitar reajuste nos preços dos combustíveis, o que gera um stress no mercado e desconfiança nos investidores na capacidade da Petrobras em cumprir seu plano de investimento.
Portanto o grande desafio da Petrobras será conciliar investimento e o aumento de produtividade, em um cenário onde não existe expectativa de novo reajuste nos preços dos combustíveis, por causa das preocupações com a inflação e da proximidade do período das eleições presidenciais, além das baixas de poços secos equivalentes às de 2012 e queda na produção por causa da necessidade de manutenção das plataformas, o que reforça a ideia de que há um longo trabalho para consertar as falhas de gestão dos últimos anos.