Ingente é a tarefa de falar sobre a renúncia do Papa, mas sua retirada inusitada prevista nos cânones do Vaticano é atitude de um ser humano. Embora revestido de inspiração que lhe confere o trono de Pedro, não está imune às pressões de sua difícil missão. Sua invulgar capacidade intelectual indicou que já não tem mais a força (saúde) aos 86 anos, para suportar tanta exigência. Enfrentou episódios de cizânia mundial entre árabes e judeus. Certamente lhe foi pungente o momento de se pronunciar sobre a série de denúncias de pedofilia praticada por religiosos católicos. Aqui no Brasil tivemos casos de verdadeira aberração moral levantados corajosamente pelo jornalista Roberto Cabrini. Nos EUA a Igreja passou por enorme crise e até altos custos financeiros. Neste aspecto é preciso discordar de alguns observadores que entenderam tíbia a atitude do Papa para coibir o escândalo. Bento XVI condenou, sim, os atos abomináveis que denegriram a sociedade clerical. Patrulhar a ideologia política do Papa e defini-lo como conservador, convenhamos, fica temerário. Foi um grande Pontífice.
Retoques:
* A UPF mantém laboratório de análises de alimentos que é referência a tecnologia gaúcha. Por favor, nem falar em reduzir a capacidade deste laboratório. É interesse do governo e da engenharia de alimentos fortalecê-lo, antes que algum aventureiro o faça.
* A notícia é de que a rentabilidade da indústria automotor resulta na redução de remessas ao exterior em 50%. As fábricas de automóvel já receberam sua dose generosa de ajuda oficial.
* Roberto Cabrini completou matéria sociológica da maior importância sobre a maternidade de mulheres nos presídios. Até algumas degradadas do convívio familiar que abandonavam os filhos por serem viciadas em droga juram fazer tudo para rever os bebês que amamentarem por seis meses na prisão. Cenas fortes e de ternura chocante.
* Assunto que interessa à nossa região é o custo de produção do leite, que ficou elevado no ano. Proporcionalmente, há queda no preço. Isso não é bom para o Brasil que importa leite em pó principalmente da Argentina. Importamos 105 mil toneladas do produto.
* O projeto Mulheres da Paz é uma das propostas de debate que mais se aproxima da realidade de convivência social na s comunidades.
* A tal de “boa aparência” nem sempre resolve. Na TV da Capital, por exemplo, melhor seria se a repórter soubesse a diferença entre meteorologia e metrologia.
Crime organizado
É assustador por se constatar que a onda crescente do crime organizado, com ênfase no Brasil e África, torna-se de fato um poder. São Paulo e Rio, além de se transformarem em territórios bélicos não conseguem enfrentar a violência. E agora Florianópolis, que era considerada a princesa da paz de litoral brasileiro, registra índices crescentes. Nos anos 90 e até 2004 a capital catarinense era a referência de menor criminalidade, previsão ameaçada para 2013. O território gaúcho tem motivos para ficar mais apreensivo, se observarmos o tour do crime organizado. Esta modalidade do crime, com fortes ligações de elite (dissimuladas ou não) age diretamente contara o poder constituído, contra as instituições cidadãs.
Soberania no Acre
O tráfico de drogas que abastece boa parte do país alarga sua porta de entrada pelo Acre. Os comandos organizados pensam e executam planos de ataque de dentro dos presídios. O ex-secretário de segurança de São Paulo declarou recentemente que, se não piorar, serão mortos mais 250 policiais em 2013. A morte de bons policiais não tem ocorrido, na grande maioria das vezes, nos confrontos eventuais da repressão. Gravíssimo é contatar que o extermínio, ou chacinas, são parte do “modus operandi” do crime organizado. E o caso dos presídios? Nossa Senhora! Esse afunda lancinante perante a letargia oficial do governo. Não estamos aqui simplificando a solução por um estado policialesco, mas é preciso ressalvar o estado ético na sua estrutura de repressão ao crime e do sistema prisional.