As notícias sobre os casos de gripe e os óbitos decorrentes das complicações dessa doença no hemisfério Norte tem causado apreensão entre os brasileiros. Uma das preocupações é com relação à data da campanha este ano, especialmente porque em 2012 o número de casos voltou a aumentar. Este aumento de casos em relação a 2011 levou novamente os órgãos de saúde a mencionarem um aumento da cobertura vacinal e antecipação da data de início da campanha nacional.
Por conta disso, a notícia é de que a campanha será realmente antecipada em três semanas, começando em 15 de abril. A cobertura, porém, deve seguir o mesmo público-alvo do ano passado: idosos, bebês, gestantes, indígenas, trabalhadores da saúde e pessoas portadoras de doenças crônicas, que são os grupos mais suscetíveis.
De acordo com o médico Julio Stobbe, vice-diretor médico do Hospital São Vicente de Paulo e um dos profissionais que esteve à frente do combate à gripe A na pandemia do ano de 2009, a vacina que será aplicada este ano, a trivalente, é feita com cepas do H3N2, do H1N1 e da influenza B. “Então, teoricamente, a vacina tem cobertura para os tipos de gripe que estão circulando no hemisfério Norte”, comenta.
Uma das principais vantagens da campanha de vacinação é a redução das internações hospitalares, especialmente entre os idosos. Esta redução chega a 40%, além da diminuição da taxa de mortalidade em 40% a 75%, “é muito importante a vacina”, completa. De outro lado, Stobbe lembra que os casos de complicações ocorridas nos Estados Unidos e Canadá aconteceram em doentes idosos. Um dos motivos para isso talvez seja a menor importância que a população desses países dá para a campanha de vacinação. Para o Brasil, a previsão é que o Ministério da Saúde distribua três milhões de doses, o que deve garantir a vacinação de cerca de 30% da população.
Os “tipos” de gripe
As nomenclaturas das gripes seguem a mesma regra no mundo inteiro. A gripe A que causou uma série de mortes no ano de 2009, quase 300, e que ainda causa temor nas pessoas, é a H1N1. Este ano, além desta, a H3N2 também está bastante prevalente, que é a gripe sazonal. “O vírus da gripe pode ser A ou B. O vírus B é único, não sofre modificações importantes. Mas o A, tem a classificação H e N. H é de hemaglutinina, que tem 16 tipos; e o N é de neuraminidase, que tem 9 tipos. Através disso é que se dão as combinações”, explica Stobbe.
Cada combinação é uma classificação. Uma das mais conhecidas é a A que faz parte do grupo mais comum e que tem causado os surtos nos últimos anos. “Destes, temos o H1N1, o H3N2 que são os responsáveis pelos surtos atuais, que estão acontecendo no hemisfério Norte”, destaca. Dados da última semana da Organização Mundial de Saúde (OMS) dão conta de que os casos nos Estados Unidos e Canadá são de influenza A em 98% e 2% de influenza B. Desses 98% de influenza A, 96% são de H3N2 e o restante de H1N1. O panorama muda um pouco nos países da Europa: 70% dos casos são de gripe A e 30% de gripe B. Dos 70% de influenza A, 68% é H1N1 e 32% de H3N2.
No Norte da África, costa leste do Mediterrâneo, Paquistão a maioria dos casos são de influenza B. No Irã e no Iraque são na maioria casos de H1N1. Em Israel cerca de 50% dos casos são de gripe A e na China 54% dos casos são de H3N2 e 46% é H1N1. Na América Central, a mais prevalente tem sido a H3N2 e influenza B. Em Cuba, a maioria dos casos é de H1N1.
Casos em 2012
Apesar da campanha de vacinação contra a gripe A ter começado no ano de 2010, em 2012 o aumento do número de casos surpreendeu. A mortalidade, porém, foi menor. No estado do Rio Grande do Sul foram aproximadamente 70 mortes causadas pela gripe. Em Passo Fundo, entretanto, não foram registrados casos de óbito em decorrência da influenza.
Campanha de vacinação contra gripe será antecipada
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