Esta semana anunciaram a morte de Paulo Santana, assim como, prematuramente, há alguns anos, anunciaram a morte de Millôr. O guru do Meier comentou à época: considero exageradas as notícias sobre minha morte. Santana fez o mesmo. Ainda, Bento XVI anunciou que “vai vazar”, já que o papa é pop. A gente deveria ter a grandeza do papa em perceber a hora de cair fora. Mais, ainda, Ronaldinho Gaúcho mostrou que é “esperto” ao engambelar o veterano goleiro Rogério Ceni. Talvez, engambelar, seja o que tenha sobrado do ex-genial jogador, já que, quando tem que honrar as esperanças no seu futebol em nível de seleção brasileira, o mesmo mostra um retumbante fracasso.
Se aquele lance foi esperteza e muitos brasileiros se jactem disso, talvez os presidentes da Câmara e Senado devam ser o que merecemos. Se, no entanto, foi um lance fortuito e não intencional de Ronaldinho, menos mal. Tenho a impressão de que a maioria de nós nem teria completado a jogada percebendo que houvera antiprofissionalismo. Mas, os fins justificam os meios, dizem. O que importa é o resultado, dizem. A crônica da semana passada em que lembrei de quatrocentas mortes ou “desaparecimentos” de jovens que tinha idéias diferentes do status quo político vigente após 1964 acendeu críticas a esse signatário. Críticas a um cronista sugerem o nirvana a quem escreve pelo fato de quem o faz não é para deliberar e sim para abrir discussão. Sempre digo aos meus alunos que a pergunta mais freqüente ao fim de uma exposição deveria , sem dúvida: será? Um leitor lembrou-me que nem houve ditadura e que “apenas” quatrocentas mortes contra dezessete mil subversivos argentinos e trinta mil subversivos cubanos nem chega a ser um número expressivo.
Sei lá, em relação à morte estou como Luís Fernando Veríssimo: estou cada dia mais contra. Somente pode achar que morte não é coisa ruim quem nunca perdeu um filho em razão de qualquer violência seja deliberada ou não. Eu trabalho com pacientes politraumatizados e cheguei a pensar um dia que ficaria mais indiferente com o passar dos tempos. Mas, que bosta, voltei a ser chorão porque essa merda, a de morrer de violências, não acaba nunca. Mas, pelo menos as mortes não devidas por termos idéias livres. Além disso, considero que qualquer morte de jovens é uma falência de sistema, sejam jovens de esquerda ou direita, militantes ou não. Sou contra a morte de jovens independentemente de suas bandeiras ou lenços. É isso o que tentei dizer.
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