OPINIÃO

E a gente fica assim, assim

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Abro o tablet e leio que as razões da aposentadoria do papa começam a ganhar corpo. Seriam de ordens financeiras, de interesses diversos na hierarquia religiosa, envolveriam questões sexuais e de pedofilia, de celibato, enfim.  A gente lê e fica assim porque... é coisa da Igreja.  Leio que os irmãos Cravinhos, doces meninos que com a facilitação de Suzane Richthoffen, mataram friamente Manfred e Marisia em outubro de 2002, ganharam progressão do regime de confinamento para o semi-aberto porque têm bons comportamentos. A gente lê  e fica assim porque... é da lei. A gente lê que José Dirceu, em uma reunião em Chapecó para uma centena de apaixonados petistas, faz execração da Lei da Ficha Limpa porque sua aplicação não cumpriu os ritos de transitado em julgado. Agente que pensa que nossos administradores deveriam ser o que há de melhor entre nós lê e fica assim porque... é coisa da política. Mas, a gente não devia ficar assim... contemplativos.

Tanto na empresa que é a Igreja, quanto na política ou outro ramo qualquer há os bons e os maus. Não se constrói idéias de fora para dentro. Tomam-se os bons, os vocacionados sobre seus desideratos constroem-se mundos sólidos porque alicerçados em projetos construtivos das idéias de pessoas construtivas. Quando simplesmente vamos juntando gente pode acontecer como o que houve com o PMDB, por exemplo. Este partido, em algum momento, foi o representante de todas as vozes que se ergueram contra os arbítrios e dele estabeleceu-se a resistência silenciosa, muitas vezes, que é o que se poderia ter naquele momento. Depois, o PMDB abriu vertentes, mas continua gigante porque nunca esteve afastado de seu maior desejo, o desejo do poder.

Ele não quer governar, ele quer o poder e o tem novamente, nas presidências de Câmara e Senado. Ali, no maior partido político da América do Sul,  convivem bons e maus. A idéia de poder atrai, pois pode-se não ter nenhuma outra idéia ou projeto além do poder e o que é que um político poderia almejar mais do que isso? A gente lê e fica assim. Fico pensando nos grandes nomes de nossa Igreja como Dom Helder Câmara que poderia ter sido o Nobel da Paz em 1970 no lugar de Norman Borlaugh, como Dom Paulo Evaristo Arns e Ivo Lorscheiter que peitaram os militares. Naquela época a sociedade brasileira estava quedada porque primeiro suprimiram-se os direitos políticos, depois varreram-se as intelectualidades chamadas de “esquerda”, depois calaram a Imprensa e só faltava o Igreja. E ela, a Igreja, mostrou-se grande em defesas de vidas e idéias. Não eram outros problemas, diferentes do que vive Bento XVI, mas eram outras lutas. As prisões deveriam ser exemplares e duradouras, mas a gente cumpre um sexto da pena e ta na rua de novo para espanto dos familiares das vítimas. Os larápios e estelionatários que ainda discursam Brasil afora deveriam estar execrados, mas a gente os lê e fica assim porque...isso é o Brasil.

Nota: tem gente que acha que sou da direita, dos militares, porque meu pai foi militar e morei nas dependências do quartel em Passo Fundo durante a faculdade. Tem gente que acha que dedurei colegas. A gente é o que faz e não o que diz que faz e nem o que pensa que faz. Tenho meus valores, talvez nem sejam muitos, mas são sólidos porque brotaram de meus sagrados pais. Teria envergonhado e sujado o nome de minha família com tal atitude. Tem gente que acha que sou contra os militares e que sou da esquerda e a favor das idéias subversivas. Bobagens, sou da idéia de que as pessoas poderiam ser melhores do que são, independentemente se são padres, políticos ou militares.

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