O Hospital Municipal de Passo Fundo abriu edital para contratação de médicos para atividades de plantão e pouca gente se interessou, a despeito de valores oferecidos por valor hora. Não é de hoje que há um desinteresse pela categoria médica local em prestar serviço naquela casa de saúde. Isso acontece pela inadequação de infraestrutura para o atendimento satisfatório às intercorrências mais sérias .
O médico se sente inoperante e desprestigiado ao referir que faz plantão em um local que deveria servir de exemplo, já que a maioria de seus pacientes pertence à classe média baixa e procura seus serviços em “último caso”. A simples troca de prefeito suscita a mesma pergunta de sempre: o que vamos fazer com o Hospital Municipal ? Eu não sei o que o prefeito vai fazer, mas o que a nossa cidade precisa é que o Hospital tenha estrutura física, tecnológica e humana para serviços de resolutividade aos casos que lá aportam diariamente. Isso demanda investimentos que, ao que sei, não têm previsão orçamentária pelo município. Além disso, há a pergunta que não quer calar: por que nós temos que ter um hospital de autarquia quando existe o SUS ? Por que a Prefeitura Municipal tem que dispender dinheiro quando a atribuição financeira não é sequer seguida pelo estado e união ? Muita gente acha que mais do que corajosos em fazer plantão onde não há estruturação , os médicos são um “bando de loucos”.
Eu estava presente no famoso grenal da queima dos banheiros químicos. Fiquei horrorizado ao perceber a horda de bêbados-drogados que compunham boa parte da torcida geral do Grêmio. Enfrentavam a polícia, levavam cacetada e exibiam os hematomas como troféus e logo a seguir voltavam a enfrentar a Brigada Militar em ataques ensandecidos. Mais do que qualquer coisa, nada mais eram do que um bando de loucos. A torcida do Corinthians extradulou e cometeu um homicídio, assim como a ex-torcida Mancha Verde do Palmeiras. São torcidas subvencionadas pelos clubes e os clubes são responsáveis por elas. Nada mais conveniente que apresentar um menor de idade para assumir a autoria do fato. O comportamento tanto do homicídio quanto do uso de alguém para assumir o delito é prática usual dos marginais e, portanto, sem surpresas.
O clube que patrocina vândalos deve ser punido exemplarmente.Tanto no caso da alegada falta de estrutura para atenção adequada aos pacientes que acorrem a tantos hospitais quanto à leniência das autoridades em relação aos torcedores-marginais que adentram aos estádios munidos de artefatos de guerra temos que provocar soluções definitivas. Mais do que dinheiro aos hospitais, falta planejamento duradouro . Aos torcedores –marginais falta cadeia e execração pública, senão a gente que ainda gosta de torcer vai ficar em casa, no conforto e com segurança assistir aos jogos que quiser, com a vantagem da cervejinha gelada e banheiro adequado.
Martin Luther King disse, certa feita: o que me assusta não é a violência de poucos, é o silêncio de muitos. E somos assim, contemplativos. Temos que mobilizar a sociedade ao pensar soluções que não sejam meros tampões temporários a uma casa de saúde tão tradicional e que pode ser bem mais do que é e tão próxima ao que já foi. Temos que tirar o bando de loucos dos estádios de futebol mesmo que vistam camisetas de clubes iguais a que nós vestimos.
