Secretaria nega orientação para pacientes do SUS pagarem por exames particulares

Cartaz afixado no Cais Boqueirão informava valores de exames na rede privada. Tempo de espera para consulta com cardiologista do Estado pode chegar a cinco meses.

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Nesta semana, os pacientes do Cais Boqueirão foram surpreendidos com um cartaz que indicava os preços cobrados por hospitais privados para realização dos exames cardiológicos. O cartaz explicava que a Secretaria Municipal de Saúde não oferece exames, como Holter, Teste Ergométrico e o Ecocardiograma e que os pacientes portadores de requisição do SUS, que não quisessem esperar na lista de espera do Estado, poderiam realizar os exames com descontos nos hospitais São Vicente de Paulo e da Cidade.

O secretário municipal de saúde, Luiz Artur Rosa Filho, informou que o agendamento e a autorização de exames de alta complexidade são realizados pelo Sistema Nacional de Regulação (Sisreg), que é de responsabilidade do Estado e que o município não oferece ainda estes serviços. Em relação ao cartaz, Rosa Filho negou ter dado esta orientação. “Estamos investigando as circunstâncias de como isso aconteceu. Não vejo nenhum problema em orientar a população. Muito pelo contrário, nós queremos que haja esta orientação. No entanto, colocar preço dos hospitais é completamente inadequado. Acredito que alguém deva ter feito isso de forma ingênua, no sentido de ajudar as pessoas que precisam destes exames”, disse.

Atualmente, o procedimento para realização de exames cardiológicos é complicado e demorado. Para chegar até o diagnóstico é preciso fazer duas consultas com especialistas. A primeira com o médico cardiologista do município e, se houver necessidade de exames de alta complexidade, é preciso conseguir ainda outra avaliação, que é realizada por médicos contratados pelo Estado, através do Sisreg (Sistema Nacional de Regulação). O tempo de espera para agendamento da segunda consulta, segundo o secretário Rosa Filho, na especialidade de cardiologia é de cinco meses, mas também depende da demanda de cada unidade de saúde. Em outras especialidades, o tempo de espera pode chegar a dois anos, como otorrinolaringologista, reumatologista, gastroenterologista, neurologista, e oftalmologista. “Se houver necessidade de exames de alta complexidade, o paciente deverá fazer uma solicitação, no próprio Cais, para realização de uma consulta com outro especialista do Estado, já que é ele que cobre estes procedimentos. Esta consulta é agendada conforme a disponibilidade de consultas oferecidas pelo Estado a cada uma das Coordenadorias Regionais de Saúde”, explicou.

Na 6ª CRS, por exemplo, são oferecidas mensalmente apenas 848 consultas com cardiologistas. Elas são distribuídas para a população de todos os municípios da região, conforme o número de habitantes. Segundo o Coordenador Regional de Saúde, Luiz Fabrício Scheis, 534 consultas são realizadas no Hospital São Vicente de Paulo; 214 por médicos particulares contratados pelo Estado e, outras 100 pelo Hospital da Cidade.

O secretário de saúde afirma que é contra que as pessoas paguem pelos exames e que pretende amenizar o tempo de espera para o teste ergométrico através de um convênio com o Hospital Municipal. “A secretaria é sabedora que as pessoas têm dificuldades de acesso. Não acredito que solução da insuficiência dos exames prestados pelo Estado e pelo município seja pagar por eles no serviço privado. Por isso, num tempo adequado, vamos iniciar um processo de solução destes problemas. O importante é deixar claro é que a Secretaria, em hipótese nenhuma, cogita que qualquer cidadão, usuário do SUS, pague por esses exames”, finalizou. A Coordenadoria de Saúde afirma que a quantidade de consultas mensais com cardiologista deve ser ampliada com um novo convênio com o Hospital Municipal.

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