Aumentam índices de aprendizagem no ensino fundamental

Dados coletados pelo Todos Pela Educação foram apresentados ontem (6). Números estratificados do município mostram, no entanto, que maioria dos índices está abaixo da meta

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Apenas em matemática no 5º ano do ensino fundamental os alunos passo-fundenses estão acima da meta proposta pelo Todos Pela Educação (TPE). A iniciativa, que começou no ano de 2006, mede diversos níveis da educação brasileira através de cinco grandes metas que foram propostas para aumentar a abrangência da escolarização, o acesso à educação e a aprendizagem dos alunos em todo o Brasil. Os números fazem parte do relatório De Olho nas Metas 2012.

Por município, o projeto forneceu os dados referentes à Meta 3 (Todo aluno com aprendizado adequado ao seu ano). Os indicadores foram atualizados com os resultados da Prova Brasil 2011 divulgados pelo Ministério da Educação no segundo semestre de 2012. Em Passo Fundo, apesar de os índices terem aumentado no ensino fundamental, ainda estão abaixo da meta estipulada, com exceção da disciplina de matemática no 5º ano do ensino fundamental. A meta para 2011 era de 30,6%, mas os alunos atingiram o índice de 32,5%.

Já a língua portuguesa para o mesmo nível de ensino tinha meta de 43,7%, mas o índice atingido foi de 36,2%. Para o 9º ano do ensino fundamental, o aprendizado não ficou na meta tanto para matemática quanto para língua portuguesa. Na primeira a meta era de 23,7% e percentual alcançado foi de 14,1%. Em língua portuguesa a meta era de 30,1%, porém os alunos chegaram a 25,7%.

Entretanto, os índices, de maneira geral, cresceram ao longo do período pesquisado. Em língua portuguesa para o 5º ano os percentuais aumentaram de 28,3% em 2007 para 33,6% em 2009 e 36,2% em 2011. Em matemática o crescimento foi de 21,9% em 2007, para 31,1% em 2009 e 32,5% em 2011. Na disciplina de língua portuguesa para o 9º ano os percentuais aumentaram de 18,1% em 2007 para 24,3% em 2009 e 25,7% em 2011. A disciplina de matemática para o mesmo nível de ensino também teve crescimento: passou de 8,8% em 2007 para 10,5% em 2009 e 14,1% em 2011.

Ensino médio é onde está a maior defasagem
Os alunos do ensino médio são os que apresentam maior defasagem no aprendizado, segundo os dados divulgados pela pesquisa através da Agência Brasil. Menos de um terço, 29,2%, dos estudantes conhecem a língua portuguesa da forma adequada ao período de estudo e apenas 10,3% sabem matemática proporcionalmente ao ano de ensino. Este ano, o desempenho dos estudantes do ensino médio chamou a atenção por se distanciar da meta considerada adequada pela entidade.

Com base em dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e da Prova Brasil de 2011, o TPE constatou a maior defasagem em matemática. No relatório divulgado em 2011, com dados de 2009, a porcentagem de estudantes com conhecimento adequado ao 3º ano do ensino médio era 11%, inferior à meta de 14,3%. Neste ano, no entanto, além da redução da porcentagem (10,3%), a diferença para a meta do período (2011) aumentou: é de quase 10 pontos percentuais (19,6%).

Em português, a meta foi cumprida no último relatório, 28,9% dos estudantes tinham o conhecimento adequado e a meta era de 26,3%. Nesse ano, também houve piora. A porcentagem de estudantes teve um leve aumento, 29,2%, mas não foi suficiente para cumprir a meta para o período, que era de 31,5%.

Crianças fora da escola
No Brasil, 3,6 milhões de crianças e jovens entre 4 e 17 anos estão fora da escola. A maioria (2 milhões) tem entre 15 e 17 anos e deveria estar cursando o ensino médio. O déficit também é grande entre aqueles com idade entre 4 e 5 anos (1 milhão), que deveriam estar na educação infantil. A entidade estabelece que até 2022, 98% ou mais dos jovens e crianças entre 4 e 17 anos estejam matriculados e frequentando a escola.

Para que essa meta seja cumprida, seria necessário que em 2011, ano referente ao levantamento, 94,1% dos brasileiros dentro da faixa etária estivessem na escola. O número atual corresponde a 92%. Em relação aos que ficam de fora, em números absolutos, o estudo os compara a toda a população uruguaia (cerca de 3,4 milhões de pessoas).

De acordo com o relatório, houve melhora no índice, mas ele ainda é insuficiente. Alguns estados como Acre, Amazonas e Rondônia com índices pouco acima dos 70% em 2000, conseguiram espaço em uma década e tiveram as maiores taxas de crescimento de matrículas. Em 2011, o Acre apresenta 88,9% dos jovens e crianças matriculados, o Amazonas, 88,7% e Rondônia, 86,3%.

Esses estados e mais o Amapá ainda apresentam, em termos percentuais, os maiores índices de pessoas nessa faixa etária fora da escola, de 11% a 13% da população de 4 a 17 anos. Em números absolutos, o estado mais rico, São Paulo, é o onde existe o maior número de jovens e crianças fora das salas de aula: 575 mil alunos, o que corresponde a 6,6%. Minas vem em segundo lugar, com 367 mil alunos (8,3%).

As maiores defasagens encontram-se na pré-escola no ensino médio, do sistema educacional. "A expansão na oferta de vagas na educação básica, ocorrida nos últimos anos do século 20 e início do 21, concentrou-se principalmente no ensino fundamental. Nas pontas, ou seja, na educação infantil e no ensino médio, houve pouco avanço", diz o texto do relatório. Na pré-escola, "a cada cinco crianças brasileiras entre 4 e 5 anos de idade, uma não encontra vaga. O país precisaria criar 1.050.560 vagas para atender todas as crianças nessa faixa etária".

Idade e nível de ensino
Pouco mais da metade (51,1%) dos estudantes concluíram o ensino médio em idade considerada adequada, aos 19 anos. No ensino fundamental, 64,9% concluem aos 16 anos. Com base na Constituição e em outros dispositivos legais, o TPE estabeleceu que até esse prazo, pelo menos 95% dos jovens brasileiros de 16 anos deverão ter completado o ensino fundamental e que 90% ou mais dos jovens brasileiros de 19 anos deverão ter completado o ensino médio. Para o período, a meta estipulada era 72,9% para o ensino fundamental e 53,6% para o ensino médio.

Todos Pela Educação
Fundado em 2006, o Todos Pela Educação é um movimento da sociedade civil brasileira que tem a missão de contribuir para que até 2022, ano do bicentenário da Independência do Brasil, o país assegure a todas as crianças e jovens o direito a educação básica de qualidade.

As metas
Meta 1 – Toda criança e jovem de 4 a 17 anos na escola
Meta 2 – Toda criança plenamente alfabetizada até os 8 anos
Meta 3 – Todo aluno com aprendizado adequado ao seu ano
Meta 4 – Todo jovem com Ensino Médio concluído até os 19 anos
Meta 5 – Investimento em Educação ampliado e bem gerido

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