Diabetes e pressão alta são as duas principais causas da doença renal. A principal mensagem enfatizada no Dia Mundial do Rim, comemorado no dia 14 de março, foi a prevenção. A campanha realizada neste ano pela Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) tem como tema “Pare de Agredir seu Rim”. Em Passo Fundo, o serviço de hemodiálise do Hospital da Cidade realizou uma ação de prevenção que contou com cerca de 600 atendimentos gratuitos no dia de ontem.
Segundo a SBN, o ataque renal é tão grave quanto um ataque cardíaco. Dados do órgão apontam que cerca de 10 milhões de brasileiros sofrem com algum tipo de doença renal e a taxa de prevalência é 50 casos para cada 100 mil habitantes. A cada ano, duas em cada 10 mil pessoas sofrem deste mal, exatamente a mesma proporção e com os mesmo perigos daquelas que sofrem um ataque cardíaco.
Para prevenir esta doença, o setor de hemodiálise do Hospital da Cidade de Passo Fundo, montou um mutirão no dia de ontem (14) para atender a comunidade. Os funcionários, uniformizados com a camiseta da campanha deste ano, preencheram um cadastro com o histórico de saúde das pessoas que procuraram o atendimento preventivo. Os dados fornecidos serão analisados posteriormente para avaliar a necessidade de encaminhamento destes pacientes para consulta com um especialista através do SUS.
Conforme a enfermeira nefrologista do HC, Lorena Reck, o objetivo da ação é detectar possíveis problemas renais prevenindo a doença renal crônica. As duas principais causas da doença renal são a hipertensão e o diabetes. “É fazer com que as pessoas cuidem dos seus rins para que elas não precisem no futuro fazer hemodiálise”, salientou a enfermeira.
A funcionária pública, Vera Wilhelms, procurou o atendimento gratuito do HC como forma de prevenção. “Acho importante fazer a prevenção. Minha irmã sofreu demais com problemas renais. Eu não quero passar pelo mesmo”, declarou Vera.
Tratamento
Conforme a enfermeira nefrologista, cerca de 130 pacientes que fazem hemodiálise e a diálise peritoneal são atendidos pelo hospital atualmente. Cerca de 40 pacientes diariamente são submetidos a hemodiálise no hospital. Este processo precisa ser feito durante três vezes por semana e a duração é entre três horas e meia a quatro horas em cada sessão. “A doença renal crônica exige uma dieta adequada, tratamento de medicamento com alto custo para o governo e ainda a pessoa fica presa na hemodiálise durante boa parte do dia e da semana”, disse Lorena.
O jovem Emerson Ribeiro Rosa, de 24 anos, do município de Barracão, conhece bem esta rotina. Ele sofre com problemas renais desde os oito anos. Aos 18 anos, a situação se agravou e os rins pararam de funcionar e foi preciso iniciar as sessões de hemodiálises. Em 2011, ele fez o transplante de rim e durante sete meses pode viver sem a hemodiálise. No entanto, houve rejeição e o tratamento iniciou novamente. “São duas horas de viagem até Passo Fundo. Mais três horas e meia sentado fazendo a hemodiálise. Depois, são mais duas horas para voltar pra casa. Chego muito cansado”, relatou Emerson.
A vida do paciente muda com este tratamento e trabalhar fica quase impossível. “Não tenho condições de trabalhar, porque além de chegar cansado, qual a empresa que vai contratar uma pessoa que precisa estar ausente de suas funções três vezes por semana”, disse o paciente.
Quando os rins falham, os produtos da degradação metabólica e o excesso de água podem ser removidos do sangue por meio da hemodiálise ou da diálise peritoneal. A escolha do procedimento é feita pelo paciente. A enfermeira Tânia Baldo, explicou que a diálise peritoneal é uma alternativa que surte o mesmo efeito da hemodiálise, mas pode ser feito em casa pelo paciente que é previamente treinado para realizar este procedimento. “Na hemodiálise, o paciente precisa se deslocar durante três vezes por semana até o hospital e fazer sessões que duram cerca de 4 horas. São 12 horas semanais. A diálise é feita em casa, durante 10 horas por dia, o que representa 70 horas semanais. Este é o procedimento que mais se assemelha a função renal”, explicou a enfermeira de diálise peritoneal.
Situação no município
Segundo o secretário de Saúde, Luiz Artur Rosa Filho, os médicos da rede pública têm todas as ferramentas necessárias para fazer o diagnóstico das doenças renais. A prevenção parte do tratamento correto e adequado, principalmente das duas principais doenças que levam a insuficiência renal que é a hipertensão e o diabetes. O governo federal envia recursos para o município comprar os medicamentos para tratar estas duas doenças. “Cerca de 18 mil pacientes utilizam medicamentos anti-hipertensivos e antidiabéticos”, salientou o secretário.
O município também disponibiliza transporte de pacientes com insuficiência renal que necessitam de deslocamento até as instituições que prestam o serviço de hemodiálise. Atualmente, cerca de 20 pacientes utilizam o transporte.
Dicas de prevenção:
- Saiba a sua pressão arterial
- Controle o açúcar no sangue
- Faça atividade física
- Reduza o sal da comida
- Beba água
- Não Fume
- Não use remédios sem orientação médica
- Saiba como está o funcionamento dos seus rins
Nefrologia do HSVP
O Serviço de Nefrologia do Hospital São Vicente de Paulo tem cerca de 187 pacientes em tratamento, sendo que os mesmos são provenientes de 45 municípios da região. O chefe da Equipe de Transplante Renal do HSVP, Dr. Péricles Sarturi, destaca que a dificuldade de tratar a doença precocemente deve-se ao fato de que os sintomas de diabetes e hipertensão são silenciosos. Outro aspecto apontado pelo nefrologista é que estas doenças estão intimamente relacionadas com obesidade, por isso, “reforçamos que as pessoas devem evitar a obesidade, ingerir quantidades adequadas de líquidos e evitar o consumo de sal em excesso”.
Faixa Etária dos pacientes atendidos pelo HSVP
0- 20 anos - 4 pacientes
21-40 anos - 35 pacientes
41-60 anos - 59 pacientes
acima 60 anos 78 - pacientes
Prevalência sexo masculino.