O colorido chama a atenção. Em cada canto do pavilhão, os galhos altos das orquídeas ganhavam o espaço. Diferentemente da maioria das flores, a orquídea não é da primavera. A flor floresce no final do verão e no outono, quando as folhas ganham o chão, ela conquista: suas cores, formas e perfumes marcam a estação. No final de semana, seis produtores se reuniram e expuseram, a toda comunidade, quase 50 orquídeas de 15 diferentes espécies.
A exposição, organizada pelo Círculo de Orquidófilos de Carazinho aconteceu no Pavilhão de Esportes da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Passo Fundo e reuniu produtores das duas cidades. Além da mostra, foram oferecidos cursos de cultivo de orquídeas nos dois dias e, ainda, houve venda da flor no local. Rudi Kich, membro da diretoria da associação, destaca a importância de iniciativas como a exposição para que a tradição de cultivar a flor não se perca: “Sabemos que o município possui muitos cultivadores de orquídeas, alguns com plantas antigas e espécies raras”, explicou. Ele, por exemplo, coleciona quase seis mil unidades de orquídeas.
A história de Rudi com as orquídeas nasce dentro da família, há 20 anos. A sogra do produtor sempre cultivou a planta e, quando faleceu, deixou para o genro a tarefa. O cultivo, no entanto, era apenas um hobby já que Rudi ainda trabalhava ativamente. Com a aposentadoria, as orquídeas ganharam sua vida. “Hoje tenho uma parcela das plantas que são destinadas ao aspecto comercial e outra parte é a minha coleção. Essas eu não vendo de jeito nenhum”, brinca o produtor.
Ele explica, ainda, que do plantio até a primeira flor são oito anos de cultivo. Muitas das plantas expostas no final de semana estão florindo, portanto, pela primeira vez. E quem passou pela exposição, gostou do que viu. Muitas pessoas, segundo Rudi, deixaram telefone e apontaram interesse e disponibilidade em montar um grupo de admiradores e produtores da planta. “O resultado da exposição é muito positivo. É uma experiência muito válida e é ótimo saber que temos contatos importantes e que, a partir de agora, podem colaborar com o cultivo”, comenta Rudi.
A planta, para Rudi, não é simplesmente a sua beleza ou o seu perfume. “Quando se fala em orquídea, pode-se destacar algumas lições”, inicia o produtor. A primeira é sobre adaptação: “A orquídea precisa de muito pouco para sobreviver. Em qualquer ambiente ela se adapta e não exige nutrientes ou umidade. Em uma sociedade de consumo, como a nossa, a simplicidade e a adaptação são essenciais para uma vida mais feliz”. A segunda lição traz a importância de esperar. A flor tem o seu tempo de crescimento e, mesmo que demore anos para se desenvolver, o resultado final surpreende. “A espera sempre vale a pena. A sociedade de hoje é imediatista. A orquídea mostra que, mesmo com demora, há resultado”, continua o produtor. Por último, Rudi destaca que, ao contrário do que grande parte da população pensa, a orquídea não é parasita. “A flor é hospedeira e não depende do local onde está hospedada. Se há algo que isso ensina é que a sociedade tem condições de não se tornar parasita da própria sociedade”, conclui.
Também em busca de propagar o cultivo da orquídea, a Floricultura Passo Verde, de Passo Fundo, realiza, desde o ano passado, uma mostra das flores. Na última exposição, por exemplo, foram expostas 60 espécies.