Falaêe é um bordão usado pelo médico Jairo Bouer em suas participações nas rádios do Sistema Globo. Quero discorrer sobre o que pode e deve ser falado e o que é auto-explicativo. Celso Daniel e Antônio da Costa Santos, o Toninho do PT, descobriram um esquema de favorecimentos a empreiteiras, empresas de ônibus municipal e de exploração de coleta de lixo, exploração de bingo em Campinas e Santo André em troca de dinheiro para o caixa-dois do PT e sob o conhecimento e comando de José Dirceu e do advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula. Em 20 de janeiro de 2002 foi encontrado o cadáver do prefeito petista de Santo André, Celso Daniel, que fora torturado e assassinado a tiros. No mesmo dia Aloizio Mercadante, atual Ministro da Educação, referiu a jornalistas que fora um “crime passional”, já que Celso Daniel seria amante de seu motorista Sérgio Gomes da Silva, o “Sombra”.
A investigação inicial do crime foi comandada por Romeu Tuma Jr (acusado de manter ligação com Paulo Li, suposto chefe da máfia chinesa em São Paulo) e pelo delegado Armando Costa Filho (alvo de ação civil pública na qual foi considerado suspeito de desviar recursos humanos e materiais da polícia civil de São Paulo para empresa particular de sua mulher). Celso Daniel foi seqüestrado, estando em companhia de Sérgio “Sombra” ao sair de uma churrascaria.
O PT sustentou “paixão homossexual” através do advogado Luiz Eduardo Greenhalg (demitido da Prefeitura de São Paulo por Luiza Erundina por desonra e por favorecer desengavetamento de projeto imobiliário em troca de apoio financeiro ao PT). Além da suspeita morte de Celso Daniel ocorreram mais oito, a saber: 1. Carlos Del Monte Printes, médico legista que detectou sinais de tortura em Celso Daniel - teria “cometido suicídio” por motivos de amor não correspondido; 2. Dionísio Severo, bandido que conhecia Sérgio “Sombra” e que contaria a verdade em depoimento à polícia - morto a estiletes na cadeia; 3. Manoel Estevam, comparsa de Dionísio - morto por fuzilamento em novembro de 2003; 4. Otávio Mercier, policial em cujas escutas telefônicas provaram-se que tinha ligado para Dionísio, o bandido, um dia antes do assassinato de Celso Daniel – morto após ter dado depoimento sobre o caso; 5. Antônio Oliveira, garçom da churrascaria e testemunha do jantar de Sombra e Celso Daniel - morto ao cair de moto após ser perseguido e agredido; 6. Paulo Brito, testemunha do “acidente” de Antônio Oliveira - morto a tiros três dias após; 7. Ivan Redua, funcionário de funerária que reconhecera o corpo de Celso Daniel - morto a tiros em dezembro de 2003; 8. Renê Reis Lima, bandido que participou da fuga do também bandido Dionìsio - baleado e morto em abril de 2004.
Ainda, depois das investigações avançarem Sérgio “Sombra” foi preso e o Dr Nelson Jobim, que havia sido Ministro da Justiça de FHC e que gostava de se vestir de milico, num canetaço, determinou a libertação do mesmo aproveitando período de férias dos outros ministros do STF. O dinheiro do caixa-dois passava por Gilberto Carvalho, atual secretário geral da Presidência da República. Carvalho, sumidade petista, foi acusado pelo Ministério Público, com o testemunho da família de Celso Daniel, de ter desviado 5,3 milhões de reais das prefeituras do ABC paulista para a campanha de Lula em 2002. Seis pessoas já foram condenadas pelo assassinato de Celso Daniel e Sérgio Sombra ainda aguarda julgamento. Luiz Eduardo Greenhalg foi advogado de Cesare Battisti, bandido italiano que encontrou o eldorado no Brasil e que se especializou no famoso Bolsa-Ditadura para aqueles que sofreram e os dizem ter sofrido torturas. Falaêe, meu presidente. Não, não precisa.
Todas as informações aludidas nesta crônica fazem parte do excelente livro “O que eu sei de Lula”, de José Nêumanne Pinto, além de farta documentação da Folha, da Veja, da Época, da Carta Capital e da Isto É. Como o ex-presidente não gostava de ler é bem provável aferir que ele não sabia destes fatos.
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