OPINIÃO

Fragmentação europeia

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O estouro da crise do subprime americano, ou seja, da bolha imobiliária, levou a economia mundial a experimentar um crescimento lento desde a crise financeira dos Estado Unidos entre 2008 e 2009.

Na Europa a crise possui contornos mais dramáticos, gerada pela dificuldade de alguns países europeus em pagar as suas dívidas. Cinco países estavam inicialmente na zona de default, na linguagem popular risco de quebrar, são eles, Grécia, Portugal, Irlanda, Itália e Espanha – não vêm conseguindo gerar crescimento econômico suficiente para honrar os compromissos firmados junto aos seus credores ao longo das últimas décadas. O risco de inadimplência é real e tem consequências de longo alcance, que se estenderão além das fronteiras da zona do euro.

Para o Presidente do Banco da Inglaterra, Mervyn King, “a crise da dívida europeia é a crise financeira mais séria desde os anos 1930, se não a mais séria da história”.

Por ter sido um dos primeiros países a sentir o aperto de um crescimento mais fraco, a Grécia, não conseguiu realizar reformas fiscais no tempo dos bons ventos da economia. Fato esse que contribuiu para elevar os déficits orçamentários insustentáveis, em razão do baixo crescimento, bem como das receitas fiscais.

No final de 2009, a única solução que restou para o então recém-empossado primeiro-ministro George Papandreou foi assumir que a Grécia não tinha mais condições de pagar as suas contas. As dívidas na Grécia ultrapassaram o tamanho de toda a economia do país, para o Fundo Monetário Internacional (FMI) a relação dívida/PIB chegou a 172% em 2012. Os investidores reagiram de imediato, exigindo maiores rentabilidades sobre os títulos da Grécia, o que elevou o custo dos encargos da dívida do país e exigiu uma série de salvamentos pela União Europeia (UE) e Banco Central Europeu (BCE). A partir do episódio grego, o mercado passou a exigir maiores rentabilidades sobre os títulos dos outros países endividados da região, tentando antecipar problemas semelhantes ao que ocorreu na Grécia.

As implicações da crise econômica no campo político são enormes. Nas nações mais afetadas, a tentativa de adoção de medidas mais austeras – como o corte de gastos públicos e o aumento dos impostos para se tentar reduzir a discrepância entre receitas e despesas – levou a protestos públicos na Grécia e na Espanha, além do partido político no poder na Itália e Portugal. Na União Europeia, a crise elevou as tensões entre os países fiscalmente discrepantes, como a Alemanha e a Grécia.

Assim como éramos chamado de república de bananas a Europa criou uma denominação para os países Portugal , Irlanda , Itália , Grécia e Espanha de “Piigs”, uma sigla depreciativa criada com a junção das letras iniciais do nome de cada nação, em inglês, e cuja sonoridade se assemelha com a palavra “porcos”, no mesmo idioma.

Entretanto, há o consenso de que: enquanto os países menores, como a Grécia são economias pequenas o suficiente para serem resgatadas pelo Banco Central Europeu, países como Itália e Espanha são grandes demais para serem salvos. Para acrescentar mais dramaticidade, estoura a crise no Chipre, onde os correntistas com mais de 100 mil euros em depósitos e aplicações serão obrigados a converter boa parte dos seus direitos em ações do banco do Chipre e não têm prazo para resgatar a outra parte. Além de um confisco de cerca de 30% nas contas correntes acima de € 100 mil no banco mencionado.

Por fim, o interessante é que em 1990 o Presidente Collor confiscou os depósitos dos aplicadores e correntistas nas instituições financeiras brasileiras. O Presidente Fernando Henrique Cardoso lançou no seu segundo mandato o Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional - PROER e o Programa de Incentivo à Redução do Setor Público Estadual na Atividade Bancária – PROES. O segundo ficou provado que era necessário ter sido realizado pelo crise americana de 2008, inclusive o Presidente Lula, em visita aos EUA, mesmo demonizando o governo FHC pelo PROER e PROES, afirmou que o Brasil deveria exportar o modelo. Quanto ao primeiro, a Presidente Dilma, não ousou a exportar para a Europa, pois o resultado foi uma catástrofe aqui no Brasil.

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