OPINIÃO

Fatos - 11/04/2013

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O legado
A voz se cala, porque este é o ciclo da vida. Mas o legado, a memória, os exemplos são eternos. Julio Rosa partiu. Nos deixa no plano terreno, para se encontrar no campo espiritual com outros grandes colegas radialistas e jornalistas que também já partiram. A notícia da morte de Julio Rosa, na manhã de ontem, caiu como uma bomba na cabeça daqueles que tiveram o privilégio de conviver com esta figura singular, como eu. Um grande profissional que estabeleceu um marco na crônica policial de Passo Fundo. As notícias da polícia nunca mais foram transmitidas da mesma forma depois de Julio Rosa. Isso é fato histórico e pode servir de tese de qualquer trabalho acadêmico.

A história
Na segunda-feira quando me preparava para viajar a Porto Alegre na companhia do prefeito Luciano Azevedo, pois iríamos participar da homenagem de 50 anos do deputado federal Beto Albuquerque, conversei com meu colega Ronaldo Rosa. Perguntei a ele como estava se saindo nas novas atribuições junto ao Executivo e como sempre fiz, também perguntei do “Negão”. Sim, Negão, porque era assim que os amigos o chamavam e era assim que gostava de ser chamado pelos amigos. Ronaldo manifestou sua preocupação com a saúde do pai, fragilizada ainda mais depois da morte do amigo e companheiro Altair Colussi.

O gesto
Foi neste momento que Ronaldo revelou uma história pouco conhecida do grande público. Altair era para Julio mais do que um amigo: era um irmão da vida. Quando Julio chegou a Passo Fundo no final da década de 1970, com filhos pequenos e passando algumas dificuldades, pois estava se desligando da Polícia Civil, onde atuava, foi Altair que lhe ajudou no momento crucial. O radialista tinha, a época, dois empregos. Um deles na Rádio Planalto como repórter policial e outro na Prefeitura. Altair chegou para o Padre Paulo Farina e disse que estava pedindo demissão, mas que só sairia se a rádio contratasse Julio Rosa no seu lugarcomo repórter policial.

O desafio
Posteriormente, quando o saudoso médico Luiz Fragomeni inaugurou a Rádio Uirapuru, chamou Altair Colussi para auxiliá-lo no projeto e, novamente, o amigo radialista convida Julio Rosa para integrar a nova emissora. Foi neste espaço que Julio se consagrou e mudou a forma de fazer rádio. Com estilo despojado e agressivo com os associados do Sindicato dos marginais, larápios etc... não tinha malfeitor que escapasse na língua afiada do Julião. E quem precisasse de ajuda, recorria a ele.

O Ser de Luz
Por tudo isso, e depois de conhecer a história contada pelo Ronaldinho, arrisco a afirmar que Julio Rosa não morreu do coração. Morreu em solidariedade ao amigo Altair. Morreu por gratidão. Somente um ser de luz, desapegado das coisas materiais e dos subterfúgios que nos fazem desviar do nosso foco é capaz deste gesto. Ninguém mais. Grande Julião!

 

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