Na passagem por Passo Fundo, na manhã de ontem, o presidente da Associação dos Oficiais da Brigada Militar (ASOFBM), tenente-coronel José Carlos Riccardi Guimarães, fez duras críticas à política de segurança adotada na gestão do governo Tarso Genro e defendeu a extinção da Secretaria de Segurança do Estado, definida por ele como um ‘elefante branco”.
O militar participou de uma reunião com oficiais da BM e bombeiros para tratar de assuntos, segundo ele, de “reagrupamento dos oficiais em torno das grandes ansiedades da corporação”. O encontro aconteceu na fazenda da BM, às margens da BR 285.
“Nossa maior ansiedade é atender bem a comunidade. Entendemos que o governo não tem tratado a BM como ela precisa, no sentido de reaparelhamento, de efetivo, de material, de incentivo de carreira. Tarso disse que a segurança seria a vitrine na sua gestão, mas a violência só aumenta no campo, na cidade, com assaltos, sequestros e roubos” afirmou.
O presidente da entidade também mencionou a falta de estrutura nos bombeiros. “A situação é muito mais precária do que imagina a comunidade”. Como exemplo, citou o fato de Passo Fundo não dispor de uma escada mecânica. Também mencionou o caso de Montenegro, em que o equipamento está desativado há pelo menos três anos por falta de conserto.
Guimarães disse ter encaminhado ao governo, há dois anos, um estudo técnico com 10 sugestões que deveriam melhorar o trabalho no Corpo de Bombeiros, mas segundo ele, nenhuma medida foi adotada. “O governo calou a boca dos bombeiros, no caso de Santa Maria, mas não a minha, eu posso falar. Eles (os bombeiros), não querem a vida que estão levando, querem autonomia funcional, o que não significa separação, mas um tratamento adequado. Com um investimento de 0,2%, complementado com chapéu alheio, Funrebon e orçamento participativo, não dá para ser feliz” protesta.
Em relação ao caso da boate Kiss, afirmou que se os apontamentos indicados no estudo técnico tivessem sido adotados, juntamente com uma postura séria do dono do estabelecimento e dos órgãos fiscalizadores, a tragédia poderia ter sido evitada. “As autoridades ficam dando pitaco no trabalho dos bombeiros. Quem entende de bombeiro é bombeiro. O CREA não entende de bombeiro, não entende de apagar fogo e nem de prevenção. Tem muita gente querendo aumentar o seu mercado de trabalho colocando nas organizações engenheiros e arquitetos. Cada um no seu quadrado” comenta.
Defasagem de 50%
Na avaliação do militar, a defasagem na Brigada Militar no estado é de aproximadamente 50%. Para o tenente-coronel seria necessário contratar o dobro de efetivo para atender “com certa razoabilidade a comunidade”. No caso dos bombeiros, o número, destaca, teria de ser no mínimo quatro vezes. “O governo tem feito algumas medidas esparsas com ingressos na BM, mas isso não é suficiente. Estamos há 16 anos dentro dos presídios e não vemos uma contrapartida. Segurança não é contar piada, precisa de investimentos” dispara.
Guimarães também pediu pela extinção da Secretaria Estadual de Segurança, a qual definiu como “elefante branco”. No entender do militar, os recursos aplicados para manter a pasta deveriam ser direcionados para aquisição de equipamentos. “Essa política de gestão no nosso entendimento está furada. Tem que pegar todo o pessoal da secretaria e distribuir em suas respectivas áreas. O governo que faça um gabinete com integração dos órgãos, mas não precisa daquele ele elefante branco” declarou.