Sem uma política de resíduos sólidos implantada, os moradores de Passo Fundo não sabem o que fazer com os materiais que não podem ser descartados no lixo doméstico. O município não possui local adequado para recebimento de produtos contaminantes como lâmpadas, pilhas, baterias e resíduos eletroeletrônicos. Algumas empresas e entidades fazem o recolhimento voluntário destes materiais. Um empresário do município está há meses tentando descartar lâmpadas fluorescentes. Mas, comerciantes e fabricantes não aceitam o produto de volta e a Secretaria de Meio Ambiente não soube informar o procedimento que deve ser adotado pelo cidadão.
As lâmpadas fluorescentes contêm pequenas quantidades do elemento mercúrio (Hg) que é uma substância altamente tóxica. Conforme a Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (Abilux) são comercializados anualmente no Brasil 200 milhões de lâmpadas fluorescentes. Acredita-se que nem 10% deste montante seja reciclado. Segundo estimativa do Ministério do Meio Ambiente, o país perde todo ano cerca de R$ 10 bilhões por falta de reciclagem ou reutilização de resíduos sólidos que poderiam voltar à indústria.
O município de Passo Fundo está elaborando uma política de resíduos sólidos, mas a implantação das ações é a longo prazo. Esta realidade faz com que cidadãos passo-fundenses, como o empresário Volmir Rossetto, tenham que estocar no seu estabelecimento cerca de 20 lâmpadas fluorescentes com mais de um metro de comprimento. “Fiz uma reforma no meu estabelecimento e tenho várias lâmpadas para descartar. Estou há seis meses tentando fazer este descarte. Liguei para empresas de materiais elétricos, para um hipermercado e para a Secretaria do Meio Ambiente. Nenhuma empresa quer receber de volta e a Secretaria disse que não sabia onde eu deveria descartar”, disse o empresário.
Rossetto salientou que tem uma grande preocupação ambiental e sabe dos danos causados pelo descarte irregular das lâmpadas fluorescentes. “Não quero colocar no lixo porque sei que possui material tóxico perigoso. O que eu faço se nem a Secretaria sabe me informar o que fazer. Vou pegar esta caixa de lâmpadas e entregar para o prefeito”, desabafou Rossetto.
Secretário coloca a culpa na administração anterior
O secretário do Meio Ambiente, Enilson Gonçalves, informou que o município não possui nenhuma política estabelecida de descarte para lâmpadas fluorescentes e repetiu várias vezes que a culpa do morador não conseguir destinar adequadamente as suas lâmpadas é da administração anterior. “Em primeiro lugar nós estamos há apenas quatro meses no governo. É problema da gestão passada que não fez nada. Não foi feita nenhuma política de descarte de resíduos perigosos e de eletroeletrônicos”, respondeu o secretário.
Conforme Gonçalves foi entregue nesta semana o diagnóstico dos resíduos sólidos de Passo Fundo para o prefeito Luciano Azevedo. “Estamos construindo nossa política, mas isso necessita de planejamento e recursos. Não se resolve este problema em quatro meses. Ao final de quatro anos nós teremos uma destinação correta. Esta é a palavra do secretário do Meio Ambiente”, declarou Gonçalves.
Preocupação com o mercúrio
Conforme informações do Ministério do Meio Ambiente (MMA), o mercúrio tem efeitos adversos importantes sobre a saúde humana e o meio ambiente. Exposição a níveis elevados de mercúrio pode afetar o cérebro, o coração, os rins e pulmões e o sistema imune dos seres humanos. A toxicidade do mercúrio varia de acordo com a sua forma química, a concentração, a via de exposição e a vulnerabilidade do individuo exposto (Unep, 2002).