A manifestação do Frei Beto, clamando por um pouco de lógica nas relações humanas em relação ao discurso religioso veio em momento oportuno e necessário. É preciso parar com essa onda de misticismo que se diz guardiã da “palavra de Deus”, mas é espantoso instrumento a espezinhar segmentos menos favorecidos. Essa mera conveniência de dominação que equivocados pregadores adotam torna-se o fundamentalismo cristão ancorado na interpretação literal da Bíblia “que deriva da ignorância exegética e teológica”, conforme classifica Frei Beto. Os bons observadores do texto bíblico são unânimes em deduzir que se trata de referência com enorme extensão figurativa formatada para reproduzir idéias e conceitos. A interpretação literal deixa muita brecha. É o caso da iniciação da vida no paraíso, onde tudo começou com Adão e Eva e coisa e tal. Dos filhos de Adão são citados apenas Caim e Abel. Está faltando uma filha para que a humanidade existisse. As declarações do deputado e pastor Feliciano, que comanda a Comissão de Direitos Humanos, proferidas em outros momentos, indicam que seu pensamento está em choque com a visão constitucional igualitária de pessoas diferentes em diversos segmentos. Feliciano não se converteu ao pensamento moderno nem se demitiu da função parlamentar. Falta de autocrítica.
Irmandade mórbida
A etiologia de alguns males coletivos que se implantam na vida de um povo indica que não se deve minimizar grupos remanescentes ligados ao assassinato cruel ou idéias de extermínio como o nazismo. O fato de verificarmos a existência de neonazistas no estado gaúcho ou terroristas nos Estados Unidos é indicativo de alerta permanente. Por isso concordo com a preocupação de jornalistas mais experientes em relação à declaração do ex-delegado Cláudio Guerra que busca nova vida após uma carreira de assassinatos ao atuar na linha dura contra o comunismo no Brasil. O que disse Guerra? Ele denuncia, em “Memórias de Guerra suja”, a irmandade mórbida dos matadores. Ao revelar assassinato de quase uma centena de pessoas (supostos adeptos do comunismo), busca o arrependimento. Admite ter sido expressão da linha dura contra o que entendia ser o comunismo. Ainda que ressalva jamais ter praticado tortura, vive a ameaça dos que nunca tiveram a coragem de reconhecer as próprias atrocidades. O perigo é a irmandade mórbida, que discorda não só do arrependimento opressor, mas da transparência em curso.
Retoques:
* Tive a satisfação de encontrar o ex-colega de seminário, padre Atalíbio Barth, figura admirável. É como sempre foi, voluntarioso e talentoso. O Barth era considerado o homem elétrico, desde adolescente, e hoje entende de eletricidade como poucos. Usa sua habilidade no trabalho sacerdotal e sabe ouvir a juventude. É pároco de Ernestina e Tio Hugo. Nas motivações que trabalha inclui apreço à música no meio da juventude e atração pela arte. A igreja Acaba de receber uma gravura enorme do Cristo Ressuscitado feita por um artista de Passo Fundo (Getúlio). Obra maravilhosa. Irrequieto por natureza plantou flores junto à igreja. O Alemão está mexendo positivamente com o brio da juventude.
* O advogado Júlio César Pacheco encontra-se em Brasília atuando nos processos sobre terras habitadas por agricultores, ameaçados pela demarcação das terras indígenas em Mato Castelhano.
* A boa safra de soja deflagra uma sinergia para que o Brasil possa superar heranças obscuras nos projetos viários. Tomara que seja isto mesmo. Se superarmos grande parte da corrupção histórica, o Brasil dispara no desenvolvimento. Rodovias e ferrovias devem sair do papel.
* A humanidade evoluiu tanto que Xangai e São Paulo terão que resolver uma questão urgente: respirar ar razoável!
* A china registra mais de um milhão de mortos por respirarem ar muito contaminado.
* Quem deseja conhecer a visão do jornalismo deve ler a mestra Maria Aparecida de Aquino.