O ser mãe e as alterações emocionais da mulher

Cuidar dos filhos seja a ser algo instintivo, que nasce junto com a mulher. Não é preciso curso, treino ou aptidão, todas as mulheres tornam-se mães no exato momento do nascimento de seus filhos. Entretanto, todas essas mudanças muitas vezes podem causar alguns estresses no dia-a-dia, na vida entre o casal.

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Existem várias teorias e conceitos sobre ser mãe. Mas a grande verdade é que para entender o que a chegada de um filho representa na vida de uma mulher, somente mesmo sendo MÃE. Até que esteja grávida, a mulher pensa e age por si, atende suas próprias necessidades, olha-se no espelho e vê uma mulher. Depois que o bebê nasce, ela passa a agir e pensar tendo sempre o filho em primeiro plano, começa a atender a necessidade da criança antes das próprias e a imagem que reflete no espelho é a de uma mãe.

Cuidar dos filhos seja a ser algo instintivo, que nasce junto com a mulher. Não é preciso curso, treino ou aptidão, todas as mulheres tornam-se mães no exato momento do nascimento de seus filhos. Entretanto, todas essas mudanças muitas vezes podem causar alguns estresses no dia-a-dia, na vida entre o casal. Em outras tantas vezes, mesmo sentindo-se completa no papel materno, a mulher sofre com algumas mudanças emocionais, que refletem na convivência com os familiares, com os amigos e, principalmente, com o companheiro. Afinal, se a mulher passa a ser mãe assim que o bebê nasce, para o homem as coisas não funcionam da mesma forma. A grande maioria afirma que precisa de um certo tempo para se acostumar e isso acontecesse através da convivência com filho. Em grande parte isso se justifica porque o corpo deles não muda ao longo de nove meses para abrigar um filho, os hormônios permanecem sem alterações e eles realmente começam a ser pais através da convivência diária.

Com isso, entender todas essas mudanças não é fácil nem para a mulher e nem para homem. E é com o objetivo de tentar explicar como as coisas acontecem quando o filho chega que o Medicina & Saúde de Dia das Mães conversou com a psicólogo Luiz Ronaldo Oliveira.

 

 

Medicina & Saúde - Algumas pessoas costumam dizer que a mulher se torna mãe no momento da concepção, com o bebê ainda no ventre, diferente dos homens, que se sentem realmente pais quando têm seus filhos nos braços. Essa afirmação pode ser considerada verdadeira?

Luiz Ronaldo de Oliveira - Podemos refletir sob a maternidade partindo do princípio de que o desejo em “ser mãe” torna-se o aspecto principal para balizar o início da maternidade. Para a psicologia não basta gerar e dar a luz para ser considerada uma “mãe suficientemente boa”. É necessário desejar e vivenciar a maternidade em todos os momentos da vida. A maternidade inicia no momento em que idealizamos um filho e, invariavelmente, esse propósito ocupa um papel central no desenvolvimento emocional da criança e no psiquismo do futuro adulto. A maternidade supera o tempo e o espaço concreto e se amplia na busca da realização do desejo de partilhar a vida, os valores e a felicidade que conquistamos nas relações interpessoais.

 

M&S - Que tipo de mudanças psicológicas são comuns na mulher que se torna mãe?

LRO - A mulher que assume a maternidade e deseja o bem estar do filho passa por mudanças emocionais significativas, pois a partir da maternidade ela torna-se a principal provedora das necessidades básicas do filho, como sobrevivência física e psíquica. Bem como, a mãe passa a funcionar como um espelho para o indefeso bebê e nessa estreita função maternal precisa reconhecer no filho, não só as suas necessidades básicas, mas também as capacidades positivas e relacionais que se evidenciam diariamente. A mãe é a principal tradutora do mundo real para o bebê e serve como um importante modelo de identificação para a criança. Diante da responsabilidade materna, que se apresenta no processo de desenvolvimento da criança, surge a necessidade de adaptação e constantes mudanças psicológicas.

 

M&S - Por que a maternidade mexe tanto com as mulheres?

LRO - A maternidade mexe com a mulher justamente por apresentar sentimentos novos e experiências únicas. Altera a rotina da mãe e da família e se constitui por momentos únicos e exclusivos que exige adaptações hormonais e emocionais. A mãe precisa reorganizar a vida pessoal, familiar e profissional para voltar-se exclusivamente, nos primeiros meses, ao cuidado do bebê. Assim, surge a insegurança e a ansiedade que poderá ser amenizada com a participação do pai e de outros familiares.

 

M&S - Existe alguma explicação, dentro da psicologia, para o instinto maternal?

LRO - Quando falamos de instinto estamos tratando de uma característica biológica do sujeito. E a psicologia trabalha com o aspecto do desenvolvimento do sujeito a partir do processo de humanização por meio das relações interpessoais. Podemos pensar que “a mãe suficientemente boa” reúne um conjunto de características que supera o próprio instinto maternal e transcende ao compromisso de constituir filhos saudáveis e capazes de interagir socialmente. A mãe comprometida com o cuidado do filho planeja e busca entender a necessidade de “frustar” e “gratificar” a criança na medida certa com o intuito de constituir um sujeito capaz de tolerar a frustração e vibrar com as conquistas pessoais e sociais.

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