A Revolução Industrial teve início no fim do século 18 e foi baseada no uso do carvão. A Inglaterra, com suas amplas reservas desse mineral, liderou a revolução. Com o correr do tempo, contudo, o petróleo começou a substituir o carvão por causa de suas características mais atraentes, como ser líquido e mais fácil de transportar. Finalmente, em meados do século 20, o gás natural, que é mais limpo, começou a dominar o cenário energético.
Confirma-se o malicioso comentário atribuído ao secretário-geral da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de que "a Idade da Pedra não acabou por falta de pedras", mas pela descoberta de que metais eram melhores para fazer machados (ou lanças) do que pedras.
Hoje, no mundo, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) o carvão representa 26% do consumo de energia; o petróleo, 32%; e o gás natural, 20%. O petróleo é ainda dominante, mas a produção mundial está se concentrando no Oriente Médio porque nos Estados Unidos (o maior consumidor mundial) e na maioria dos demais países ela está caindo.
Nota-se que nos Estados Unidos as discussões sobre "independência energética" é prometida por todos os governos desde os tempos de John Kennedy e Richard Nixon, por volta de 1960. Essa independência nunca foi alcançada e, ao contrário, o que aumentou foi a dependência das importações de petróleo do Oriente Médio.
Segundo o Professor Emérito da Universidade de São Paulo José Goldemberg os desenvolvimentos tecnológicos nos últimos dez anos estão mudando drasticamente esse cenário, com a exploração do gás de xisto. A possibilidade técnica de usar esse gás é conhecida há muito tempo, mas o custo de exploração só a tornou viável nos últimos anos. A partir do ano 2000 houve uma "explosão" no aumento da produção: em 2000 o gás de xisto representava 1% do gás natural produzido nos Estados Unidos, em 2010 eram 20% e existem previsões de que em 2035 serão quase 50%.
Xisto é uma camada de mineral situada a três ou quatro quilômetros abaixo da superfície do solo, na qual gás se encontra aprisionado. É preciso "fraturar" o xisto para libertar o gás, o que é feito com jatos de água a alta pressão, a qual se adicionam certas substâncias químicas. É nessa área que muitos progressos tecnológicos ocorreram entre os anos de 1980 e 2000. Existem camadas de xisto no subsolo em muitos países do mundo, o Brasil incluído.
Com isso os Estados Unidos, que até recentemente importavam gás, estão começando a exportar. Além disso, os preços do gás caíram drasticamente nesse país, que está importando menos petróleo, uma vez que aquele combustível vem substituindo derivados do petróleo tanto na indústria quanto no transporte.
A relação que se estabelece entre o xisto e o made in Brasil, segundo o Economista e o Apresentador do Manhattan Connection da Globonews Ricardo Amorim há anos, a produção da indústria brasileira está estagnada em níveis atingidos no final de 2008. Ao invés de enfrentar as causas estruturais da baixa competitividade da nossa indústria – infraestrutura precária, carga tributária excessivamente elevada, ambiente de negócios instável e produtividade da mão de obra muito baixa – o governo preferiu concentrar seus esforços em desvalorizar o real e conceder algumas isenções tributárias temporárias e concentradas em poucos subsetores. Em paralelo, agiu para reduzir as margens de lucro e a rentabilidade dos negócios em vários setores, como elétrico, financeiro, mineração e petrolífero. Empresários, preocupados, reduziram investimentos.
O fato é que se o consumo americano demorar a retomar o pico anterior a crise americana de 2008, os americanos direcionarão partes crescentes do que é produzido lá para outros mercados, aumentando sua participação no mercado internacional, incluindo Brasil. Os EUA voltarão a ofertar produtos de menor valor agregado e retomarão mercados há muito perdidos para a China. Prepare-se para o retorno do Made in USA.
Enquanto já havíamos consumido, o Made in USA, Made in China, a hora do Made in Brasil nem chegou, ao propagandearmos o pré-sal como salvação da “lavoura”, nossa indústria diminui, em participação no PIB e os problemas estruturais não são resolvidos. Até quando?