Principal motivo da vinda de senegaleses para Passo Fundo, a obtenção rápida da documentação necessária para permanência deles no país e garantia de emprego, transformou-se em pesadelo. A Delegacia da Polícia Federal anunciou que não vai mais encaminhar novos pedidos de refúgio até o final do ano. A alegação é a falta de estrutura para atender a demanda.
A notícia surpreendeu um grupo de 17 senegaleses que chegou semana passada na cidade. Atraídos pela oferta de emprego na região norte do Estado, eles cruzaram a fronteira e entraram no país através da Argentina. Praticamente sem dinheiro para hospedagem e sem agasalhos de frio, tiveram de recorrer à Secretaria Municipal da Cidadania e Assistência Social (Semcas). Quinze deles foram instalados provisoriamente no Albergue Municipal.
Caso a decisão da PF seja mantida, a situação dos africanos tende a se agravar. Impossibilitados de ingressarem com pedido de refúgio, eles não conseguem obter o protocolo (fornecido no ato da entrega da documentação), necessário para encaminhar a Carteira de Trabalho. Sem o documento, a chance de conseguir emprego é praticamente zero.
Apontado como líder da comunidade na região, desde a morte do presidente da Associação de Senegaleses no Brasil, Mahanthia Cisse, 48 anos, em outubro passado, Mamour Badiane Ndjaye, 34, passou a semana envolvido em reuniões e fazendo contatos na busca de uma solução para o caso. “Nós estamos aqui apenas para trabalhar. A cidade e região necessitam de mão de obra. Todos os dias recebo ligações de empresários solicitando funcionários, mas sem a carteira fica difícil. Não tem como manter as despesas sem um emprego” diz preocupado.
Na quinta-feira, acompanhado do advogado Luiz Alfredo Gallas, ele esteve reunido com a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Subseção de Passo Fundo. Mamour mostrou os passaportes dos 17 recém-chegados e voltou a ressaltar a necessidade do trabalho. Representante da Comissão, o advogado Júlio Ramos garantiu que o órgão vai interceder a favor dos estrangeiros. “A OAB busca o cumprimento da Constituição Federal que defende o direito à liberdade e dignidade humana de todos os povos que aqui estão” afirmou, enfatizando que a entidade se reunirá com a Polícia Federal para tratar do assunto.
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