Os consumidores de leite e derivados levaram um susto na manhã da quarta-feira, dia 08 de maio, quando as primeiras informações sobre uma adulteração no leite e a identificação de produtos cancerígenos começaram a ser divulgadas pela mídia. A ação do Ministério Público gaúcho, com apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), da Receita Estadual e da Brigada Militar identificou a fraude em vários municípios do Estado. O problema que deixou os consumidores em alerta, não representa a realidade da cadeia produtiva. Enquanto os produtores investem em tecnologia nas propriedades para aumentar a qualidade do leite e garantir que essas características se mantenham até o produto chegar à indústria, o problema se deu com freteiros que adicionavam água de poço e ureia ao leite para aumentar o volume transportado e, consequentemente, aumentar o lucro.
Embora os reflexos do problema respinguem, mesmo que indiretamente, nos produtores, eles não devem ter um prejuízo tão acentuado, pelo menos neste primeiro momento. Isso é o que tem sido observado inclusive pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais. Conforme o presidente Alberi Ceolin se por um lado a demanda das empresas que foram atingidas pela fraude diminuiu, por outro os clientes tem migrado para outras marcas deixando a demanda equivalente.
Quantidade ínfima
O Rio Grande do Sul produz anualmente mais de 4 bilhões de litros de leite, de acordo com o presidente do Sindilat/RS e do Conseleite/RS, Wilson Zanatta. De acordo com ele, nesse contexto, a quantidade de leite adulterado pode ser considerada ínfima em relação ao volume total. “Nossa preocupação daqui por diante é intensificar a produção de leite e derivados cada vez com mais qualidade, contando com a profissionalização, conscientização e comprometimento de todos os elos da cadeia láctea”, observa. Ele destaca que a cadeia láctea no Estado possui tradição, inclusive com empresa centenária, e é reconhecida pela qualidade e pelo espírito de competitividade em um mercado livre e assediado por players estrangeiros.
Aprimorar inspeção
Na opinião de Zanatta o momento é de construir uma agenda positiva e isso já está acontecendo. Ele destaca que representantes do Mapa, das indústrias de laticínios e dos produtores se reuniram em 22 de maio, em Brasília, com o objetivo de adotar ações para aprimorar a inspeção e o controle da produção de leite no Brasil. Durante o encontro, foi definida uma agenda de trabalho para nortear as próximas ações do governo federal e da iniciativa privada com o intuito de aumentar o rigor na seleção da matéria prima. Um dos principais pontos diz respeito ao controle e monitoramento do transporte do leite cru à indústria. “Como essa é uma relação comercial, o que foge da legislação da vigilância oficial, a proposta ainda deve ser discutida no âmbito jurídico. Atualmente, cabe ao Mapa a verificação do cumprimento das normas legais por parte dos estabelecimentos registrados no Serviço de Inspeção Federal”, completa.
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