Distribuidores de areia já repassam aumento de 30%

Com a suspensão da extração da areia no Rio Jacuí, em um mês o metro cúbico do produto passou de R$ 85 para R$ 110 em Passo Fundo

Por
· 2 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Os estoques de areia nas empresas de material de construção de Passo Fundo caíram 40% depois que a Justiça Federal suspendeu a extração do produto no Rio Jacuí, na região metropolitana de Porto Alegre. O Jacuí era a principal fonte de areia na região, pela logística de entrega na região, que permitia o aproveitamento do frete para a região metropolitana no transporte da soja. Com a falta do produto, distribuidoras de Passo Fundo estão buscando a matéria-prima em Santa Maria para garantir o abastecimento das obras, mas a mudança de fornecedores refletiu imediatamente no preço final ao consumidor. Em um mês, a suspensão das atividades das mineradoras provocou uma valorização do estoque que resta para os depósitos e o metro cúbico do produto passou de R$ 85 para R$ 110.

Segundo o diretor de qualidade do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Passo Fundo (Sinduscon), Luiz Giacomini, o preço da areia custava em Porto Alegre em torno de R$ 30, mas chegava ao município por R$ 80. “Em Passo Fundo, o frete sempre custou a metade do custo da areia. Buscando em Santa Maria, onde não há como aproveitar o frete na ida, o preço ampliou mais ainda. Os preços ainda não chegaram às obras, mas é uma questão de dias para refletir em toda a cadeia”, afirmou.
Os proprietários das empresas de fornecimento de areia destinados à construção civil foram os primeiros a sentir dificuldades para adquirir o material e, consequentemente tiveram um aumento nos custos para o transporte do produto. Cláudia Sturm, proprietária de uma distribuidora, confirma que no último mês reduziu para um terço o volume de fretes semanais para buscar areia na capital. “Além de estar 30% mais caro, não estamos encontrando mais o produto no mercado”, relatou.

Com o estoque 40% menor, o sócio proprietário da JR Materiais de Construção, Roberto Andreetta, prevê a falta da matéria-prima em 60 dias. “Por enquanto estamos conseguindo comprar em alguns areais fora da região metropolitana, mas o custo já encareceu 25% porque o caminhão que busca a areia em Santa Maria desce vazio”, explicou. Ele revende como segunda opção a areia industrial, mas o produto não é tão bem aceito no mercado.

Rio Jacuí
A areia que abastece o município de Passo Fundo vem das atividades de mineração no Rio Jacuí, onde três empresas detém 95% da extração de areia na região. No dia 15 de maio, a Justiça Federal suspendeu as licenças ambientais expedidas pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) e pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) dessas três empresas que fazem a retirada de areia de realizarem a dragagem. A decisão é resultado de uma ação civil pública ajuizada em 2006 pela Associação de Pesquisas e Técnicas Ambientais (APTA) que denunciou que a exploração estava causando danos ambientais com dragagens junto às costas, agressões às ilhas e destruição da mata ciliar. Na semana passada, duas mineradoras recorreram, mas os pedidos foram negados pelo desembargador Fernando Quadros do Tribunal Regional Federal, que argumentou que os danos são irreparáveis e as operações devem permanecer suspensas até que seja concluída perícia no rio.

Gostou? Compartilhe