Brincadeira, diversão, comidas típicas. Assim são feitas as festas juninas que já fazem parte do calendário de festejos de grande parte das escolas de Passo Fundo, sejam municipais, estaduais ou particulares. Entretanto, o grande público desconhece a origem das comemorações. Segundo a professora dos cursos de graduação e pós-graduação em História da Universidade de Passo Fundo, Gizele Zanotto, o mês de junho é dedicado à festa de três santos importantes.
“Portanto, tratam-se de festas juninas, no plural. Os homenageados são Santo Antônio (também conhecido como Santo Antônio de Lisboa ou de Pádua, pois nasceu em Lisboa/Portugal, mas acabou posteriormente atuando e chegou a falecer em Pádua/Itália), cuja festa se comemora no dia 13; São João Batista, primo e batizador de Jesus Cristo, cuja festa se comemora no dia 24; e São Pedro (às vezes mencionado também São Paulo, já que ambos tem a homenagem do martírio na mesma data), cultuado no dia 29”, explica a professora.
Conforme Gizele, é interessante perceber que os três santos homenageados com as festas juninas têm destaque na história da Igreja Católica Apostólica Romana e se sobressaem por diferentes razões junto aos fiéis. “O Santo Antônio tem vasta fama de casamenteiro e também de auxiliador na busca por objetos perdidos; São João remete aos injustiçados pelas causas da fé e sofredores em geral; e São Pedro tem relação com as chuvas e fartura”, salienta.
Tradição das festas e da fogueira
Alguns dos principais símbolos dessas festas são a fogueira e as danças, que foram incorporadas segundo, basicamente, histórias bíblicas. Para Gizele, existem várias versões da formação da tradição junina, “o que podemos corroborar de fato é que há uma ressignificação de festas pagãs muito antigas dedicadas às colheitas e ao solstício de verão – que acontece no hemisfério norte em 21 de junho. Tais tradições foram sendo agregadas de sentidos cristãos e também incorporaram algumas práticas de festas que acabaram se sobrepondo à própria significação religiosa em muitos contextos. Mais do que propriamente festas seculares com base religiosa, as festas juninas têm cada vez mais evidenciado símbolos festeiros como os balões, o pau de sebo (também chamado em certas regiões de pau de São João), as bandeirinhas, as quadrilhas, as comidas típicas (sobretudo nas quermesses), jogos e danças e a fogueira”, destaca.
O fogo especificamente, de acordo com a professora, possui uma simbologia que a vincula à iluminação, calor, aconchego, proteção, purificação, anúncio, ao mesmo tempo em que pode remeter à destruição, ao inferno, à purgação. “Nas festas juninas o sentido positivo do fogo é mais evidente. Junto a isso, festejar ao redor de fogueiras tem sido um hábito muito difuso por várias culturas. Nas festas das colheitas não foi diverso, de modo que tal tradição foi agregada às festas juninas, mas também ressignificadas e articuladas à devoção aos três santos”, especifica. Por isso, fogueiras diferentes simbolizam então a homenagem a cada um dos santos: “Santo Antônio tem uma fogueira com lenhas organizadas em forma de quadrado; São Pedro em triângulo e São João em forma de cone, e quanto mais alta melhor, pois simboliza o teor da crença no padroeiro e a fartura que se quer homenagear ou requisitar para o próximo ano”, lembra Gizele.
A matéria completa você confere nas edições impressa e digital de O Nacional. Assine Já