OPINIÃO

Grau de investimento ou investimento grande

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O "rating" é uma opinião sobre a capacidade de um país ou uma empresa saldar seus compromissos financeiros. A avaliação é feita por empresas especializadas, as agências de classificação de risco, que emitem notas, expressas na forma de letras e sinais aritméticos, que apontam para o maior ou menor risco de ocorrência de um "default", isto é, de suspensão de pagamentos.

As notas que as agências de classificação de risco dão às empresas e países são resultado do trabalho de ao menos dois analistas, que as elaboram em discussão interna com outros colegas, mas que em grande parte são baseadas em informações públicas. A maioria dos Estados e empresas paga as agências para que classifiquem os riscos de suas próprias dívidas. Sem essa avaliação, a princípio considerada confiável e imparcial, diversos investidores rejeitam adquirir seus títulos.

Agências de classificação de riscos, são amplamente utilizadas por países e empresas, as agências realizam uma primeira analise que avalia a solvência e os riscos de calote de seus empréstimos, atribuindo a eles uma nota ou classificação, que pode ser um triplo A positivo (AAA+), a nota máxima, a D, a pior nota que tem o significado de quebra, ou default.

Oficialmente, o Brasil possui contrato para classificação de seu risco de crédito com as seguintes agências: Standard & Poor´s (S&P), Fitch Ratings (Fitch) e Moody´s Investor Service.

O Brasil alcançou em 30 de abril de 2008, o tão esperado e desejado grau de investimento ou “investment grade” tal feito foi motivo de euforia para o governo e o mercado financeiro nacional, pois nunca antes na história tal feito havia sido alcançado.

A agência de classificação de risco Standard & Poor's elevou a nota de crédito de moeda estrangeira do Brasil. O país, assim, alcançou o tão esperado grau de investimento. A Bovespa disparou: teve a maior alta porcentual desde outubro de 2002 e fechou com recorde de 67.868 pontos. A notícia teve, basicamente, dois significados. Primeiro que o Brasil tem mais segurança em relação ao pagamento de suas dívidas. Segundo, que esse fator atrairá mais investimentos externos - montante que poucos se arriscam a prever.
Passados cinco anos da conquista a mesma agência que elevou o rating brasileiro, a S&P vê risco real de o país perder grau de investimento a repercussão foi imediata, o principal índice brasileiro de ações caiu ao menor patamar desde outubro de 2011. O Ibovespa teve queda de 2,39 %, a 51.618 pontos, na contramão dos mercados globais.

Os motivos para tal previsão possuem como base o desempenho modesto das exportações e a diminuição do investimento do setor privado. Para a S&P, parte dessa contração do investimento no Brasil é resultado da "política ambígua do governo, que tem reduzido a confiança dos investidores". Ainda a referida agência destaca a desaceleração mais persistente no consumo das famílias em um contexto de maior endividamento do consumidor. A consequência de uma economia que cresce pouco pela queda das exportações, investimento e consumo, diz a S&P, é o enfraquecimento e a deterioração do desempenho fiscal e o aumento do peso da dívida do governo.

O mercado tem a percepção de que a situação fiscal no Brasil é uma bagunça. Há uma crença no mercado, de que o governo já não sabe mais qual é o déficit público que está criando. Para o mercado, o governo realizou tantas manobras contábeis, mexeu com tanta coisa, que não tem mais credibilidade. Faz-se necessário reencontrar um caminho claro e transparente que não tenha mais manobras contábeis.

Para o economista Delfim Netto, a direção do investimento estrangeiro vai mudar. Os EUA são um elefante na sala. Ele mexe o rabo e quebra quatro ou cinco peças de louça, e nós somos uma louça que está lá na sala. Hoje é o momento próprio para fazer essa inversão: dar para o setor externo aquela convicção que existia há três anos de que o Brasil é um país no qual as oportunidades de investimentos são as mais seguras.

Quem viver verá.

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