O tema do V Simpósio Nacional sobre o Uso da Água na Agricultura é “Análise de risco, prevenção e mitigação de eventos hidroclimatológicos críticos: secas, estiagens e inundações”. A abertura do evento foi realizada na manhã de terça-feira (18), no Centro de Eventos da UPF, em Passo Fundo. Participaram da cerimônia, o vice-governador do Estado, Beto Grill, o reitor da UPF, José Carlos Carles de Souza, o vice-prefeito de Passo Fundo, Juliano Roso, entre outras autoridades. O primeiro dia do evento apresentou alternativas para monitorar e minimizar eventos climáticos críticos. O Simpósio encerra nesta quarta-feira (19).
O vice-governador do Estado, Beto Grill, destacou a importância do Simpósio para avançar na discussão de novas tecnologias e processos que ajudam no uso racional da água. Grill informou que o governo está trabalhando no planejamento hidrográfico com aproveitamento dos mananciais para implantação de barragens, açudes, reservatórios, poços artesianos e cisternas. Além disso, o Estado está financiando equipamentos para irrigação. “Sabemos que cerca de 50% da água na agricultura não é bem aproveitada e precisamos avançar neste assunto. Este evento colabora para que o governo possa fazer políticas públicas adequadas no sentido do manejo e do uso racional desta riqueza que é indispensável para a vida”, destacou o vice-governador.
O reitor da UPF, José Carlos Carles de Souza, enfatizou que o Simpósio é motivo de orgulho e que a universidade está cumprindo o seu papel que é ajudar no desenvolvimento da região através de discussões importantes como o uso da água. Ele salientou que o Parque Científico e Tecnológico da UPF, que deverá ter a primeira fase concluída em breve, ajudará no incremento de tecnologia e inovação. “Temos certeza que o Parque Tecnológico contribuirá para o desenvolvimento do setor da agricultura”, enfatizou o reitor da UPF.
O coordenador do evento, Claud Goellner, salientou a necessidade da implantação urgente de políticas públicas e ações de prevenção e minimização dos impactos das secas, estiagens e inundações. “Há exatamente um ano, o Rio Grande do Sul enfrentava as consequências de uma das piores estiagens das últimas décadas. O assunto era pauta na mídia e nos discursos de autoridades. Não podemos esquecer que eventos críticos acontecerão novamente. Precisamos urgente de ações efetivas que ajudem o nosso produtor rural, os gestores públicos e a população em geral a enfrentar estas situações”, salientou Goellner.
Ferramentas e tecnologia para enfrentamento de secas, estiagens e inundações
O primeiro dia do Simpósio apresentou algumas alternativas para monitorar e prevenir eventos críticos. O professor e especialista do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Olavo Correa Pedrollo, mostrou ferramentas que constituem uma classe de recursos de modelagem matemática empírica, ou seja, conduzida pelos dados, baseadas nas Redes Neurais Artificiais. Estes modelos são bastante utilizados para previsão de curto prazo (também chamada de previsão em tempo real), sendo importantes para o monitoramento de enchentes, para ações de emergência e tomadas de decisão (manipulação de comportas, acionamento da defesa civil, desligamento ou acionamento de máquinas, etc.).
O especialista salientou que os principais desafios atuais com respeito à previsão de eventos hidroclimatológicos críticos são a coleta de dados com confiabilidade e abrangência, a qualidade dos modelos de simulação e previsão, e a associação de incertezas aos resultados.
Detectar as áreas vulneráveis é fundamental
O especialista em Recursos Hídricos da Superintendência de Usos Múltiplos e Eventos Críticos da Agência Nacional das Águas (ANA), Othon Fialho de Oliveira, abordou a necessidade de adaptação às condições climáticas adversas para possibilitar a convivência com os eventos extremos. Para atingir este objetivo o palestrante salientou a importância da identificação das áreas vulneráveis. Ele destacou também que é preciso fortalecer a articulação entre as esferas administrativas com ações nas áreas de prevenção, mapeamento, monitoramento e resposta aos desastres naturais. “O levantamento das áreas vulneráveis permite identificar as regiões mais críticas em relação aos eventos críticos, seja pela recorrência destes eventos ou pela quantificação do potencial impacto, que envolve desde perdas localizadas ao comprometimento dos serviços públicos essenciais ou mesmo riscos de perdas de vidas humanas”, disse o especialista.
O engenheiro agrônomo que atua na coordenação geral do zoneamento agropecuário do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Hugo Borges Rodrigues, informou como os produtores, técnicos e instituições financeiras podem utilizar o zoneamento para minimizar os riscos climáticos. “O zoneamento tem a função de minimizar o risco climático. Ao informar o período ideal de plantio, procura-se evitar as perdas devido a fatores climáticos com histórico de ocorrência na localidade”, explicou Rodrigues.