Aproveitando algo legal chamado vadiagem e um pouco de viadagem, comecei a analisar a evolução do pensamento do homem ocidental, segundo minha ótica é claro. Fomos ensinados a pensar o mundo ocidental a partir da transformação do cidadão Jesus de Nazaré para o ungido, o Cristo, o místico. Nessa transformação a gente humanizou Deus ou divinizamos o homem, de acordo com a interpretação de cada um. No início desse processo de glorificação, o cristianismo se deu por pura adesão, mas por mais de mil anos foi pela força ou medo. A quem não aderisse restava a fogueira.
Quando, em 1600, começamos a perceber o movimento das estrelas e fomos percebendo que não éramos exatamente o centro do universo criamos o sentimento chamado humanismo que, associado ao progresso da ciência, derivou no positivismo (ciência sem Deus). Darwin e Freud jogaram a gente no divã ao propor que havíamos evoluído de primatas e que dentro da gente morava um ser chamado inconsciente e que explicaria muitas atitudes que tomávamos sem entender de onde viera o comando para tal. Com o estropício das duas grandes guerras do século vinte, com a indissociada evolução tecnológica e científica do homem e que deveria verter no progresso imaginado, mas, ao contrário, derivou para a brutalidade exacerbada, brotou outra sensação, vinda, como sempre, de Paris e que chamamos de existencialismo. A vida, então, era o que era, sem sonhos, faça amor–não faça guerra, sexo-drogas-rock, sem lenço-sem documento.
Evoluímos de um tempo de baixas comodidades, de mortes por fome, doenças e guerras para o mundo do instantâneo, tipo fast-food, on-line. Globalizados, entendemos imediatamente os efeitos do que acontece em qualquer lugar do planeta.
O que querem os tecnológicos e informatizados jovens que gritam nas ruas? Acho que querem tudo aquilo que se pode deduzir da palavra cidadania. Os jovens, ao irem pro pau. Foram porque seus pais, nós, deixamos de fazer o tema de casa. E aqueles que se adonaram da bandeira cidadania não tiveram o cuidado de selecionar as pessoas e tudo pareceu igual ao que já foi, ao que sempre tem sido. Não se consegue mudar nada sem que se mudem as pessoas, só que os jovens querem mais do que comida, bolsas, querem decência e paz.