OPINIÃO

Economia e manifestações

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Na aula da disciplina de macroeconomia, na Imed, perguntei aos meus alunos e alunas que me dissessem em uma palavra o motivo pelo qual estavam protestando e também indignados. As respostas foram as mais variadas, refletindo o atual momento vivido no país. São elas: acabar com a corrupção, melhorias na saúde, na educação, segurança, mobilidade urbana, para ficar nas principais.

Quanto a PEC 37, que foi denominada a PEC da impunidade, o debate tomou proporções mundiais e sociais, nunca vista desde a redemocratização, um debate apaixonado, que se espraiou pela sociedade, onde a disputa se dava entre a Polícia Federal e Civil e o Ministério Público. Afirmo que ambos são imprescindíveis para a democracia, precisamos aperfeiçoar as instituições e não demonizá-las.

Durante a sabatina a que foi submetido na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, no dia 6 de junho, para ter seu nome aprovado ao STF, Luís Roberto Barroso foi questionado sobre sua posição quanto a PEC 37. O jurista respondeu que, em sua avaliação, o MP pode produzir investigações, mas que isso deve ser uma exceção. "O MP pode, sim, produzir uma investigação por exceção em alguns casos. Essa jamais deverá ser a regra, mas uma exceção", disse ele aos parlamentares (BRASIL247).

Para o delegado Wilson Muller que está presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Rio Grande do Sul (Asdep) em entrevista ao Jornal Zero Hora, o mesmo afirma que “não há nenhuma derrota. Tudo continua como está, o Brasil não ficou nem pior nem melhor com essa decisão. Não tem o que reclamar ou justificar”.

Ainda segundo o delegado, mais importante do que a PEC, é o regramento das investigações feitas pelo Ministério Público. Ele usa o exemplo das normas a que está submetida a Polícia Civil: o inquérito policial tem 30 dias para ser concluído, senão a Justiça tem de ser comunicada. Já o MP não tem esse controle. Esperamos que seja feito um controle judicial e parlamentar do MP. O que não pode acontecer é as investigações serem guardadas, à revelia, nos escaninhos da instituição — afirmou.
Quanto à saúde, deve ser observado que a política de saúde envolve a universalização do acesso, é necessária a qualificação dos servidores envolvidos, um plano de carreira para médicos e um permanente investimento em infraestrutura, pois de nada adianta termos pessoas capacitadas para atender a alta complexidade de faltam leitos, salas de cirurgias, CTIs e UTIs.

Pois bem, na educação me pergunto se realmente sabemos o que é qualidade. Historicamente, seja pela legislação ou até mesmo pelos agentes políticos, busca-se no Brasil a universalização do acesso à educação em todos os níveis. Nunca foi questionada de maneira consistente a qualidade. Presenciei várias ações no movimento estudantil, participei de vários debates e o consenso nunca se estabeleceu. Pois bem, qualidade no meu ponto de vista, é o professor, preparado, capacitado bem remunerado, escolas, abertas, em turno integral, com ambientes digitais, laboratórios, brinquedotecas e a família participando ativamente da vida escolar sem terceirizar para os professores e as escolas a formação e a educação dos seus filhos.
O debate não acaba aqui, não existem mocinhos ou bandidos. Em minha opinião nesse debate, as manifestações são salutares e importantes, pois colocam cerca de 30% da população lendo, buscando informações em fontes confiáveis, uma verdadeira sacudida na classe política, nos partidos políticos e em todas as esferas de poder.

Por fim, essas manifestações deixam um recado claro: não importa se o agente político é de esquerda, direita, comunista, socialista, reacionário, o que a população exige é que os problemas sejam solucionados.

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