OPINIÃO

Fatos - 02/07/2013

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Sentimento

Imprevisível. Inexplicável e até 20 dias atrás tido como improvável. O país do futebol, em plena Copa das Confederações não se fechou em casa para acompanhar os jogos e muito menos viveu o mundo da fantasia futebolística. O país do futebol foi para as ruas fazer política. Os cientistas, sociólogos, antropólogos e estudiosos do comportamento não conseguem explicar de forma objetiva e clara o que fez milhões de brasileiros a invadir as ruas para pedir mudanças. Muitas mudanças. Mudanças de toda ordem. Cada ser representando uma manifestação, levantando uma bandeira, unindo-se a outro para formar uma grande massa. Talvez o que mais se aproxime de uma explicação seja abstrato: o sentimento. O sentimento de não suportar mais tanta impunidade, mediocridade, roubo, descaramento, violência. Ganhamos acesso mais fácil à moradia, temos mais emprego, melhorou a renda (coisas palpáveis), mas não temos ética, moral e vergonha na cara. Os conchavos são moedas de troca em nome do poder. Ir para rua significou soltar o grito entalado na garganta. Chega. E agora?

Análise

As consequências desta mobilização nacional motivarão muitas análises e reflexões. Nenhuma delas e muito menos esta pretende ser a única ou definitiva. Não há como ser.  O mundo está em constante transformação e estamos aprendendo a lidar com uma nova forma de comunicação: a das redes sociais. Sim, eles são capazes de sair do Facebook e levar o perfil para as ruas. Até ontem, isso parecia impossível.

O medo

O grande problema é o medo. O medo de perder o poder, o medo de perder a popularidade e deixar de mamar na “teta” pode levar a medidas impensadas, cujos resultados poderão não ser os melhores. Nossos governantes e políticos demonstram medo: agem de forma afobada para tentar conter as massas ou se calam como se nada fosse com eles.

Líder

Passada a grande euforia das manifestações resta agora a definição de pautas, a indicação de comando ou líderes e a estratégia de manter a mobilização. De parte dos governos, é bom baixar a poeira e aprender a dialogar com esta nova forma. Entre os muitos analistas que se manifestaram nos últimos dias, o antropólogo Luiz Eduardo Soares aconselha para que todos se juntem aos manifestantes para tentar entender o que está acontecendo. “Até porque todo o esforço de entendimento é uma ação política”, completa.

Na aldeia

Em Passo Fundo o protesto histórico da quinta-feira, 20 de junho foi um marco. Contribuiu para mudar uma decisão do prefeito Luciano Azevedo. Embora argumente que a redução no valor da tarifa teve por base avaliação técnica (isenção do PIS/Cofins), o que pesou mesmo foi a pressão. Pressão esta que só voltou às ruas da cidade depois do levante nacional liderado por Porto Alegre e São Paulo. Não fosse isso, a passagem estaria valendo os R$ 2,70 já que o grupo que se manifestava desde o reajuste já havia se desmobilizado.

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