OPINIÃO

Revolta dos motoqueiros

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As meias verdades
Por favor, não nos cobrem o almejado faro etiológico, ou capacidade sociológica na abordagem que ousamos fazer neste momento. A sublevação popular no Brasil, embora com alguns gargalos famigerados - como a corrupção e crise de mobilidade nos médios e grandes centros -, teve seu momento de erupção e de crescimento explosivo, quando os comandos oficiais repousavam em remansos fictícios de aceitação. As pesquisas e os ícones da observação de imprensa não indicavam o desencadeamento em efeito dominó eletrônico. Houve, sim, um fenômeno inédito de comunicação. Mas a causa propriamente parece estar ligada a uma saturação de meias verdades.

Revolta dos motoqueiros
Até hoje stamos buscando causas que levaram centenas de cidadãos passo-fundenses a marcharem contra o quartel da Brigada Militar em fevereiro de 1979. Nosso saudoso Argeu Santarém, que presenciou o levante popular, como Ivaldino Tasca e outros, estudaram exacerbadamente alguns motivos que levaram ao episódio de revolta em plena ditadura. As circunstâncias são diferentes, mas é a mesma explosão apartidária. Este aspecto nos chama atenção: as pessoas questionam a falta de patriotismo de políticos tanto de oposição como de governos. Essa saga em flama não é santa, mas é cheia de ardor cívico. Na comparação entre os dois eventos (súbitos e frenéticos), vemos que o fomento apresenta-se como algo justo, exceto o aspecto da violência e dos excessos. Muita coisa do que precedeu o fatídico episódio dos motoqueiros, e muita coisa de corrupção e passagem do transporte coletivo elevada, sempre tivemos. E então? A paciência se esgotou! E o que aconteceu em ambos os episódios não foi uma inocente gota d’água, por isso ou por aquilo. Foram coisas graves demais! Alguma coisa se percebe logo: o encastelamento do poder. Isso atrai revolta.

Retoques:
* Recebemos mensagem que acende a preocupação com alguns exagerados laicos contestando Nossa Senhora Aparecida como padroeira do Brasil. Pensar assim é um direito dessas pessoas. Outra coisa é contestar o nome da santa perante a unanimidade nacional. “Pensiero non paga gabella”, - pensar não paga imposto, dizem os italianos. Imaginem que em nome de uma interpretação constitucional laica sejam banidos nomes sacros, como São Paulo, Santa Clara, São Luís, etc.? A objeção não para de pé sob qualquer pretexto.
* Além de tudo tenho especial carinho pela santa pretinha que é muito brasileira – a Nossa Senhora Aparecida.
* Optar pela democracia não é ato de misericórdia. É a coragem cívica de lutar por uma nova aurora. Meios materiais na redistribuição social também são instrumentos democratizantes. Lá na favela da Rocinha, por exemplo, não basta prometer segurança sem investimento em saneamento. Um observador denuncia a superficialidade do saneamento com as conhecidas valas negras em vez de tubulação e tratamento do esgoto. A democracia tem degraus: o cidadão tem acesso à refeição, aprende a ler e logo em seguida começa a pensar melhor e desejar emergir para a vida. O mérito em instalar a base do processo, como fez o governo Lula, não desobriga ninguém de avançar nas políticas públicas. A democracia é um estágio da liberdade que depende de ações concretas.
* O ambiente nacional está propício a uma varredura de entulhos na lei. O foro privilegiado de parlamentares, voto secreto nos parlamentos, ou direitos adquiridos na remuneração com dinheiro público acima do teto, são exemplos de questões a serem logo resolvidas.
* A constatação é ótima. A cada semana aumenta o consumo de leite da marca Italac, fabricada em Passo Fundo.
* Mais do que nunca, a pavimentação das vias urbanas nas rotas do transporte coletivo deve ser priorizada.
É bom lembrar que o asfaltamento significa redução no custo do transporte, e que isso deve ser encarado como melhoria para a mobilidade urbana.

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