Cortina de fumaça
A notícia sobre a possível invasão ou escuta da conversa dos brasileiros pelos EUA, pode funcionar como rápida cortina de fumaça para desviar a tensão de governo com as sucessivas manifestações no país. Diga-se que será passageira a nova ênfase noticiosa que se agiganta na Globo. De fato, a questão sinaliza para cautelas de preservação da soberania. Por outro lado, a ousadia ianque é bem conhecida e o assunto não se trata de novidade tão impactante, se considerarmos o que já ocorreu em termos de intervenção branca no Brasil. Que se esclareça tal intervenção, se é feita em nome de combate ao terrorismo, aos traficantes internacionais, ou é repetição da síndrome de tutela imperial.
Globalizando
O questionamento surgido após a incursão da Rede Globo coincide com a necessidade de um fato novo, capaz de suscitar o estremecimento popular. A Globo é a rede desproporcionalmente poderosa na comunicação. Ela mesma vem, também, sendo objeto de manifestações de descontentamento, como o ocorrido durante o protesto de brasileiros em Londres. O movimento imprevisível dos protestos parece não ter apaniguados. Isso vale dizer que a qualquer momento, quem detém poder poderá ser alvo dos manifestantes.
Sigilo
Coma incrível velocidade com que chegam os novos canais de comunicação, é boa hora para se indagar sobre o sigilo das ligações em qualquer parte do mundo. Quanto ao controle das grandes potências, nada a estranhar. A sangria é antiga. Mesmo assim, é o momento de esclarecer sobre o sagrado direito de autodeterminação dos povos. Hoje, no entanto, o próprio governo Obama está no paredão da opinião pública internacional, justamente quebra de sigilo em relação às estratégias de dominação. Quem está no poder sabe que a sinergia da comunicação é a faca de dois gumes.
Aviões
O deslocamento irregular mediante utilização dos aviões da FAB expõe a realidade dos que se acostumam demais e aplicam a domesticação do cargo. O cargo público é genuinamente público. Impróprio para viabilizar vôos domésticos. A única dificuldade em discernir “res publica” da “res privata” é a falta de autocrítica, ou até a prepotência, no caso do avião do governo.
Retoques:
* Em tese, a melhor oportunidade para uma agenda positiva governista seria nossa Copa do Mundo. Com a súbita virada da opinião pública a coisa ficou mais complicada.
* A administração de Porto Alegre, no incêndio do mercado público, em sintonia com as esferas estadual e federal destacou uma questão imediata e humana necessária: o amparo aos trabalhadores repentinamente desempregados, com remuneração e curso de aperfeiçoamento.
* Passo Fundo tem trânsito agitado com obras que deixam a pavimentação mais parecida com costelas gigantes em nossas ruas. Calma. São as obras do esgoto, o mais precioso investimento para a estrutura urbana e para a saúde pública. A cidade poderá ter coleta de esgoto em mais de 50% até o próximo ano.
* Aos poucos vamos percebendo que a maravilha do automóvel tem limitação de espaço. E não pode sufocar as pessoas. Tomara que se construa política de transporte coletivo, embora tardia, para enfrentar os grandes problemas com a poluição e os veículos particulares.
* O Estado gaúcho é unidade da federação que abriga um dos maiores centros de estudo científicos sobre tóxicos e seus efeitos no tráfego. O Simpósio Internacional sobre Drogas, Álcool e Trânsito- SIDAT deverá ser marco científico sobre as principais circunstâncias do assustador índice de acidentes de veículos causados pelo efeito destas substâncias. Está na hora de aprimorarmos o conhecimento científico sobre drogas, álcool, etc., e o potencial lesivo no trânsito. Cientistas da UFRGS, CNPq e outras instituições deverão apresentar importantes resultados de pesquisa no Brasil para discutir com autoridades mundiais sobre esta crescente realidade, para municiar gestores e legisladores que lidam com o trânsito.
* Lendo o professor Elmar Floss, na alusão à cultura do milho vi reforçada a convicção de que um país se constrói pela base, onde se inclui a nutrição.