A fim de testar o funcionamento de uma peça que do carro que precisou de regulagem, sai a esmo pela cidade. Andando por quarteirões que julgava conhecer muito bem só restou resignar-me coma nova e surpreendente realidade. É o novo mapa a da urbanização de Passo Fundo, que pensava conhecer como há 30 anos, ao percorrer todos os recantos da cidade e interior no ofício de repórter. Pasmem, cheguei a me perder na Vila Carmem e tive que parar na Lucas Araújo para retomar o rumo. Fiquei observando locais onde (antes) a topografia não passava de um despenhadeiro. Na vila Lucas, prolongamento da Aspirante Jenner, centenas de casas e prédios de luxo; na São Lázaro e Minas Gerais, onde ficava o buraco quente, onde tudo era mato e havia enorme precipício, agora são lindas ruas asfaltadas habitada por gente rica. A cidade expandiu-se em todos os sentidos e se tornou um dos pólos de desenvolvimento mais majestosos do Brasil. As últimas décadas foram de crescimento espantoso. Isso surpreende, mas não pode surpreender os mandantes municipais.
Esta cidade
A cidade constitui-se cada vez mais na unidade da federação verdadeiramente importante. É onde a transformação ganha grande visibilidade. Energia, água potável, segurança, saúde, educação, moradia e esgoto sanitário, são fundamentos da vida moderna imprescindíveis na sua qualidade. Aos 156 anos de emancipação, Passo Fundo pode dizer que as conquistas foram muitas, é um bem precioso da coletividade que merece o cuidado para não ver o desgaste de nestes fundamentos de vida. Nada do que subsiste ao tempo dispensa o merecimento pelo trabalho nas conquistas.
Médicos e saúde
É preciso examinar com calma a questão do atendimento público de saúde. De um lado o clamor das pessoas que precisam de atenção. O principal agente nesta tarefa é o médico. Isso parece consenso. Médicos e todos os profissionais da saúde precisam aprimorar o debate sobre o atendimento.
O sacerdócio da medicina
Durante muito tempo a classe médica ostentava a aura profissional que lhe dava inabalável estima popular como segmento abnegado a serviço de todos. Não parecia exagero quando alguém falava o sacerdócio da medicina. Aconteceu, no entanto, que alguns procedimentos de salvação que davam notório prestígio ao médico perderam parte da mística. Isso veio em decorrência da ampla informação que tornou comum algumas curas. O médico ganhou expressivos benefícios da ciência, mas teve reduzida sua mística. Esta foi substituída pelo novo status da profissão. Carro importado, mansão, viagens internacionais, tudo conspirando em desfavor da aura sacerdotal. Exagero ou não, a missão do médico está cada vez mais distante do sacerdócio. E mais, vem ficando difícil ao entendimento popular essa recusa de um médico iniciante em trabalhar pela remuneração de dez ou 15 mil reais.
Vejam que estamos falando numa face constitucional da saúde que é socializante por princípio consagrado na Constituição Federal. É legítimo o desejo da categoria em querer lucrar mais e assegurar direitos e salários inabaláveis como o judiciário e o Ministério, Público. Admirável é a bandeira da qualidade dos serviços médicos que se opõe à eventual contratação de estrangeiros. Também não se pode dizer que a qualidade do atendimento é baixa, pela singela conotação de serem estrangeiros.
Sacudida
De qualquer modo, reconhecendo-se o direito dos médicos de ganhar mais, terem quadro de carreira e outros benefícios, chegou-se ao momento histórico em que a sacudida era necessária.
Francisco
A coisa que mais nos impressiona não é a inusitada acolhida do Papa Francisco nos meios populares. Isso já se esperava. É tocante, no entanto, o prestígio do Pontífice, perante algumas figurar carimbadas como avessas à religião. O fenômeno é de amplitude imprevista, tudo pela simplicidade do Papa. E, vejam! Despido de tudo o Papa é mais inteligente. Por isso acho forçada demais a discussão dos intelectuais observadores do evento, que atribuem a exultação popular à recaída republicana ao pacto com o Vaticano.