OPINIÃO

Desordem

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O Governo Dilma, assim como seu antecessor sempre acham culpados para os problemas que o país enfrenta. A primeira culpa a crise internacional e o governo tucano, o segundo o governo tucano e as elites. Pois bem, ao responsabilizar o fraquíssimo desempenho do PIB e da inflação alta sobre problemas externos, outro problema que eclode é a disparada do dólar esse é interno e um problemão. Na reunião trimestral entre diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, e economistas do mercado financeiro do eixo Rio de Janeiro e São Paulo ficou explicito que o câmbio é fator de pressão sobre os preços e de que não há visões ou cenários positivos de que o dólar possa voltar abaixo de 2,25 reais no curto prazo, em se mantendo essa tendência certamente os preços deverão subir, a conta será repassada para os brasileiros.

A inflação no Brasil é brasileira. Deve-se muito mais a problemas estruturais do que a nova classe média. Sem uma reforma política as demais reformas institucionais não prosperam, aumentando o gargalo de infraestrutura vigente aqui no Brasil. A seca nos Estados Unidos tem gera impacto sim, mas não é fator determinante. Outro motivo para que a percepção de desordem que está tomando conta do mercado são os empréstimos do Tesouro aos bancos públicos, especialmente ao BNDES, pois os mesmos eram de R$ 14 bilhões para R$ 438 bilhões. O Congresso Nacional autorizou o Brasil e se endividar, assim, o Tesouro Nacional emitiu títulos da dívida pública, endividando-se a uma taxa maior do que efetivamente irá receber, o subsídio abstrato nessas operações somam a quantia de R$ 24 bilhões por ano, esse é o tamanho da “bolsa empresário” que alguns economistas do centro do País chamam que é equivalente à Bolsa Família.

Cabe lembrar que segundo os dados do Ministério de Desenvolvimento Social, o Programa beneficia 13,7 milhões de famílias, e os subsídios do governo ao setor empresarial são de suma importância, para o desenvolvimento da nação, só que, o Império X sucumbiu, Laticínios Brasil, entraram em recuperação judicial, na JBS o BNDES passou de financiador para acionista entre muitas outras empresas.

O fato é que o governo pensa em esconder, criar a contabilidade criativa com o objetivo de manter as aparências, porém se um fundo de investimento com seus bilhões de dólares que queira investir no Brasil vai querer saber detalhadamente tudo: em quanto os dividendos das estatais estão sendo superestimado, qual é o real superávit primário? De quanto seria a inflação se os preços das tarifas públicas não fossem represados? Quanto o dólar vai impactar. Falta clareza, o mercado interpreta como desordem na condução da política econômica. Vale lembrar que o investidor não esta acreditando nos números, ele acredita que existam gastos escondidos e que em algum dia ou momento irão aparecer, sendo assim ele exigirá mais taxa de retorno para investir no Brasil.

Ao sinalizar a reforma política como umas das suas metas durante a onda de manifestações a Presidente Dilma, parece ter tocado no cerne da primeira e mais urgente reforma a ser realizada no Brasil, por hora incompreendida pela população, defenestrada pelo PMDB e por parte do PT, a Presidente parece isolado politicamente, sem ressonância social. O mercado desconfia da fala do Ministro da Fazenda Guido Mantega, admira, mas não vê peso suficiente no Presidente do BACEN e as coisas tendem a se acentuar com a proximidade de 2014, ano de eleições aqui no Brasil. De concreto é que a instabilidade deverá continuar, podemos ter dias mais calmos, outros de maior pressão. Essa é a hora de as autoridades do governo não falarem sem pensar. Se tiverem que fazer alguma coisa, têm que, primeiro, fazer; e não falar.

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