Não há nenhuma explicação plausível a um servidor público, médico ou não, para atender mal a qualquer tipo de pessoa. Primeiro porque do outro lado da linha há alguém solicitando ajuda e sonegar ajuda, quando a obrigação do servidor é tentar solucionar o problema, é caso de demissão imediata. Segundo porque o salário, baixo ou não, é pago pela população.
Menos mal que esse caso da negação de ajuda do Samu da capital a um idoso que estava morrendo é pontual, diante dos milhares de bons atendimentos que esse serviço e o HPS prestaram ao longo de suas existências, visto que, são referências nacional e internacional. O servidor público, quase sinônimo de corpo mole, deveria ganhar bem e trabalhar bem. O grande engano das pessoas é trabalhar mal porque ganha mal. No Brasil, o servidor (professor, polícia, pessoal da saúde, etc) ganha mal e não tem estrutura para trabalhar. A bola da vez para o jogo de cena do governo é a gente, os médicos.
Se ninguém aceita trabalhar ganhando pouco, sem garantias trabalhistas e sem estrutura a solução mágica é trazer gente de fora, de preferencia de Cuba – que já foi a Cuba de nossos sonhos libertários e agora é a ilha-presídio. Por menos que se pague, eles ganharão bem mais do que sempre ganharam na ilha, a gente de sair da prisão. Certa feita o governo, para ser simpático ao baixo clero, tomou uma medida que causou frisson, principalmente na mídia. Iria dar aumentos menores aos que supostamente ganham bem e aumentos maiores aos que ganham mal. Tradução da medida mágica: ao invés de melhorar a vida de quem estava mal, o governo piorou a vida dos que estavam bem, para que todos ficassem numa média e que pudéssemos chorar juntos ou rir um do outro. Esse é um princípio do comunismo, todos iguais, nos bons e maus momentos, sem a liberdade do crescer, onde a meritocracia não habita.
Dizem por aí, que o comunismo nasceu, cresceu, robusteceu, ficou velho e se aposentou na Eurásia e depois veio morar no Brasil. Dona Dilma e seu Alexandre Padilha querem seis mil médico, número cabalístico. Ela prometeu seis mil casas aos flagelados da região serrana do Rio de Janeiro (até agora, nenhuma), prometeu seis mil creches e entregou cinquenta, prometeu seis mil agentes da defesa civil para trabalhar em áreas de risco e, eles nunca foram vistos. Talvez a idéia seja transformar o Brasil-Maravilha num imenso Sírio-Libanês, como escreve Augusto Nunes, em Veja.
Dona Dilma, falando sério, a senhora que tem vínculos profundos com o nosso Rio Grande, terra de tanta gente com sonhos libertários, tais qual os seus, os médicos daqui e de todo o país, principalmente os jovens médicos somente querem condições de trabalho e salário condizentes com as responsabilidades de quem lida com vidas alheias. Que tal se a senhora cumprisse, junto com o nosso governador, o luzidio Tarso Genro - a quem não honrei com meu voto, mas no qual depositei em contrição fugaz, esperança de dias melhores – as destinações financeiras a que os governos têm obrigações para que nossos filhos tenham condições de trabalhar, ao invés de incrédulos vê-los contemplar a horda de felizes cubanos libertos da clausura a ocuparem assentos nos lugares que não estão sendo ocupados por falta absoluta de condições de trabalho ?
Dona Dilma, houve um tempo em que as pessoas acreditavam em tudo em que ouviam. A senhora não escutou a voz das ruas ? A senhora não sabe que o povo agora acredita no que vê e sente ? O povo vê e sente na carne é o caos na saúde. O pior cego não é o que não quer ver, Dona Dilma e Dr. Alexandre, o pior cego é o que não vê.