OPINIÃO

Coluna Celestino Meneghini - 29/082013

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Xenofobia ou histeria
É irritante o pragmatismo explicitado por alguns próceres da classe médica perante a decisão de gestão do governo federal em trazer profissionais de outros países para atender a população brasileira. A primeira colocação é de que o Brasil é um país colossal em crescimento e que vai demorar um pouco para atender todas as regiões e necessidades bem diferenciadas em sua geografia de dimensão amazônica. O segundo aspecto, salvo sórdido atentado ao civismo e à Constituição Federal, a decisão se apresenta lógica e razoável. São médicos experientes, de diferentes nacionalidades, alguns cubanos ou espanhóis que acumulam larga experiência, até mesmo no conhecimento da língua portuguesa - após atendimento prestado em países africanos de influência lusitana. Vão ser dignamente remunerados e exigidos na prestação de atendimento humanizado com ênfase às necessidades mais distantes das grandes cidades. Parece que aí está o nó górdio da questão. A medicina brasileira ao se declarar de primeiro mundo parece que quer atuar somente na realidade primeiro-mundista e se declara freneticamente contra a opção governamental como se estivesse combatendo a pior praga. O ímpeto corporativo é compreensível, mas a histeria coletiva, não! Achegada de estrangeiros não é catástrofe ou “genocídio” da casta, como se disse.

Desproporcional
Fica difícil imaginar que não há salvação para a qualidade da medicina na América Latina se não for brasileira. É claro que tudo isso precisa ser reavaliado, em respeito também ao alto padrão médico nacional. Mas o povo não pode ficar abandonado fora do asfalto! Merece aplauso a luta por melhores condições dos postos de saúde onde a grande massa é atendida. Será que o Brasil, por demais globalizado, acaba de descobrir uma definição puro sangue para a medicina? Ou, será que a praticidade, compleição humanística de experientes médicos estrangeiros possa surpreender favoravelmente na viabilidade de saúde comunitária, tão distante da nossa medicina primeiro-mundista? São quatro mil que se apresentaram para preencher 15 mil vagas. Nada está bloqueado para o médico brasileiro. As avaliações que são feitas na imprensa alvitram fatores influenciáveis, como a competição no mercado do serviço de saúde ou até oportunismo do governo pela proximidade das eleições. Tudo Bem. Mas, que mal insuperável é esse diante da premente e inelutável necessidade de atendimento médico para o povo? Os interesses de gestão política e das corporações de classe são reais, mas o direito universal à assistência médica está para a Constituição como algo sublime.

Jornada liberdade
A nossa musa das letras, Tania Rösing, deixa transparecer ideia de que rejuvenesce a cada nova edição da Jornada Nacional de Literatura. Muitos já falaram com propriedade sobre a importância do ideal e conteúdo da jornada e o potencial transformador que carrega. Ousando andrajosa manifestação sobre a iniciativa digo convicto que a oportunidade de ler é o acesso socialmente justo e tem a missão de emancipar. E Tânia, além de muitos outros, representados pelo deputado Beto, o prefeito Luciano, deputado Basegio, ou o reitor Carlos de Souza, são os missionários desta acessibilidade de inteligência.

Retoques:
* Reassumirá suas funções na Comarca de Passo Fundo, o servidor Bel Carlos Dantas, que atuará como oficial ajudante na contadoria do Fórum. O Dantas é também comunicador e competente comentarista de rádio. Além do aprimoramento intelectual mostra desassombro no debate. Dantas atuou em Canoas por 14 anos.
* Depois de tentativas visando reduzir a força de atuação do Ministério Público pela malfadada “Lei da Mordaça”, o Supremo Tribunal julgou procedente a ADIN contra a exclusão do MP na competência para representar contra irregularidades na propaganda partidária. Com a decisão, além dos próprios partidos, o MP foi reconhecido pelo STF com legitimidade para representar. Decisão com força vinculante. Além disso é bom lembrar que a ira popular sepultou o projeto que inibia a ação do MP na investigação criminal comum.

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