Os sinais emitidos na condução da política econômica brasileira derrubaram o Brasil no ranking da competitividade mundial. O pessimismo com a economia do Brasil e a piora em alguns indicadores, como o desempenho das contas públicas, levaram o Brasil a perder oito posições no ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) deste ano. Entre 2012 e 2013, o país caiu da 48ª para a 56ª posição --entre 148 nações.
No relatório anterior, o país tinha subido cinco posições e ficado em 48º lugar. Entre os membros do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) grupo este que reúne as cinco principais economias emergentes do planeta, o Brasil perdeu a segunda posição para a África do Sul, que ficou em 53º lugar. Em 29º, a China continua o país mais competitivo do bloco.
México, Costa Rica e África do Sul, que tinham nota inferior à brasileira um ano antes, são exemplos de países que passaram à frente. O índice mescla dados estatísticos, como expectativa de vida, matrículas do ensino básico e inflação, com a opinião de 2.000 executivos do país sobre problemas que emperram os negócios. São 12 os tópicos analisados, como infraestrutura, inovação e sofisticação dos negócios. Em 11 deles, o Brasil perdeu pontos. Só conseguiu manter o 9º lugar no item tamanho de mercado.
De acordo com o documento, o Brasil precisa melhorar a qualidade das instituições, quesito em que está em 80º lugar, uma posição atrás do resultado do ano passado. Entre os principais desafios do Brasil nessa área, o relatório cita a queda na eficiência do governo, cujo indicador caiu da 111ª para a 124ª posição, o combate à corrupção (114ª posição) e a baixa confiança nos políticos, que passou do 121º para o 136º lugar de um ano para outro.
Além do ambiente institucional, o Brasil precisa avançar nos principais gargalos econômicos. O documento cita a baixa qualidade da infraestrutura, em cujo ranking o país caiu da 107ª para a 114ª posição, e da educação, que passou do 116º para o 121º lugar. O relatório também considera o país fechado à competição estrangeira, atribuindo a 144ª posição na abertura de mercado ao exterior.
De acordo com o Fórum Econômico Mundial, a dificuldade do Brasil em avançar no ambiente institucional e econômico foi a principal responsável pela queda no ranking da competitividade internacional. “A falta de progresso em melhorar a qualidade da infraestrutrura e da educação, combinada com uma economia fechada à competição estrangeira, limita o potencial competitivo do Brasil”, ressalta o documento.
O relatório pede que o país tenha o compromisso de aprovar reformas estruturais. “O Brasil não deve atrasar as reformas necessárias para impulsionar a competitividade e deveria alavancar seus numerosos e importantes pontos fortes”, acrescenta o texto. Entre as qualidades do país, o estudo cita o tamanho do mercado (nona posição), a sofisticação do ambiente de negócios (39ª) e a existência de bolsões de inovação na economia (36ª).
O país com a economia mais competitiva do mundo é a Suíça, seguida de Cingapura e da Finlândia. As três nações obtiveram a mesma classificação do ano passado no relatório atual. Na América Latina, Porto Rico (30º lugar), o Chile (34º), Panamá (40º) e México (55º) estão à frente do Brasil. De um ano para outro, o país foi superado pelo México, que passou a ocupar a quarta posição entre as economias da região.
Responsável por analisar os dados do Brasil, Carlos Arruda, da Fundação Dom Cabral --entidade associada ao WEF-- diz que o país teve uma avaliação negativa tanto nos dados estatísticos quanto na percepção dos executivos. "A estatística é olhar o passado e as entrevistas são o que pensam os que tomam decisões futuras", diz Arruda. "A percepção é que as coisas não estão tão ruins mas poderiam estar melhores". Por fim, a grande reforma não pode ser somente o fim do voto secreto, mas reformas de base, investimentos em infraestrutura.
Fonte: Brasil247; Folha de São Paulo e Estadão