A surdez de grau profundo é uma deficiência que pode afetar a personalidade e o convívio social do ser, tamanho o isolamento social que esta deficiência traz. Incapacita os indivíduos de escutarem sons ambientais que, muitas vezes, constituem sinal de alarme em situações diárias, além de não permitir a modulação da voz, tornando-a esteticamente ruim. Grande parte dos pacientes beneficia-se com a prótese auditiva convencional. Porém, por ser um amplificador sonoro, a prótese necessita de uma reserva auditiva suficiente na cóclea (órgão interno da audição), para que haja boa percepção do som e compreensão da fala. Nos indivíduos que não conseguem bom desempenho com prótese, o Implante Coclear (IC) torna-se alternativa para ajudá-los a ouvir e desenvolver suas habilidades comunicativas.
Diferentemente da prótese auditiva que proporciona a sensação do som pelo processo de amplificação, o IC estimula diretamente o nervo auditivo através de eletrodos implantados cirurgicamente. Deste modo, o nervo auditivo envia as informações para o sistema auditivo no cérebro, afim de que sejam interpretadas.
É um aparelho eletrônico de alta complexidade tecnológica composto por duas partes: a parte interna onde um feixe de eletrodos é implantado diretamente na cóclea. Este feixe se conecta a um receptor (decodificador) localizado atrás da orelha, embaixo da pele. Junto ao receptor fica a antena e o imã que fixam a unidade externa e captam os sinais elétricos. Já a unidade externa possui um processador de fala, uma antena transmissora e um microfone que capta os sons externos.
O paciente candidato ao IC é aquele que possui surdez severa a profunda bilateral, que fez uso de prótese auditiva de 3 a 6 meses, no mínimo, mas não obteve resposta satisfatória. A adaptação de aparelhos auditivos e IC é realizada pelo Sistema Único de Saúde. Portanto, se você conhece alguém com perda auditiva, informe-se sobre a aquisição destes dispositivos sonoros.
A colocação do IC é um processo complexo que exige a atuação conjunta de uma equipe com médico otorrinolaringologista, fonoaudiólogo, psicólogo e assistente social. Tudo para que se alcance o sucesso do tratamento. A avaliação do candidato ao implante pode ser demorada, pois existem etapas que devem ser obrigatoriamente seguidas. As avaliações, a cirurgia e o pós- cirúrgico são realizados em Porto Alegre. Após a ativação do IC é primordial o treinamento auditivo e de fala com um fonoaudiólogo por tempo indeterminado, para melhor aproveitamento das possibilidades que o IC proporciona tanto no aspecto do desenvolvimento auditivo como de fala.
A perda auditiva não pode e não deve mais ser vista como uma doença incapacitante, uma vez que sua detecção precoce é realizada pela Triagem Auditiva Neonatal feita pelo Teste da Orelhinha, onde todos os recém nascidos devem ser avaliados permitindo a intervenção precoce, no caso de detecção de perda auditiva, com o dispositivo sonoro mais adequado para cada caso.
Fazendo uso efetivo de próteses auditivas ou IC, o deficiente auditivo tem a possibilidade de desenvolver suas habilidades comunicativas, cognitivas e sociais integrando-se ao mundo ouvinte, trocando experiências com outros ouvintes. A criança tem condições de manter um bom desempenho escolar, o adolescente poderá ouvir sua música preferida, até tornar-se um adulto independente e auto-suficiente que estuda e trabalha como qualquer outro, mas que acima de tudo pode vivenciar experiências únicas na vida que somente o maravilhoso sentido da audição nos proporciona.