É nesta segunda-feira (16) que iniciam as atividades curriculares do novo curso de medicina em Passo Fundo. Voltado para formar médicos generalistas, o curso foi o primeiro autorizado pelo Ministério da Educação (MEC) após o anúncio do governo federal em expandir vagas e criar cursos de medicina no país, através do Programa Mais Médicos. No primeiro processo seletivo da Universidade Federal Fronteira Sul, foram 40 vagas para mais de 13.180 mil inscritos, uma relação candidato/vaga de 329,5, um dos maiores índices de candidato vaga já registrado no país. Participaram da seletiva, candidatos de mais de dois mil municípios do Brasil e por isso, os alunos da primeira turma que conquistaram uma vaga na cobiçada seleção vem de diferentes lugares do país.
De Itaquaquecetuba (SP), Marmeleiro (PR), Botuporã (BA), Aratiba (RS) e também de Passo Fundo. Catiano Plaquitken é um dos 40 alunos que integram a primeira turma do curso. Aos 34 anos, casado e pai de duas meninas - uma de cinco anos outra que nascerá em janeiro - por enquanto, ele é o mais experiente e o único passo-fundense da turma. Mesmo já formado em engenharia elétrica pela UPF (Universidade de Passo Fundo), mas atualmente trabalhando como perito criminal do IGP (Instituto Geral de Perícia), Catiano não esqueceu a sua vocação e optou por começar do zero uma nova profissão. “É uma nova oportunidade de trabalhar com o que tenho de vocação”, disse. Desde o ensino médio, o calouro sempre quis ser médico, mas antes da federal este sonho foi deixado de lado porque, segundo ele, era inviável arcar com o alto custo da faculdade pela sua condição financeira. “Só fiz engenharia porque tinha uma bolsa e porque já trabalhava no ramo, o que permitia que custeasse metade do valor das mensalidades. Quando soube da remota possibilidade de termos uma federal na cidade que oferecesse o curso de medicina, me dediquei a estudar para a prova do Enem e consegui uma boa nota que garantiu a realização deste sonho”, conta.
De mais longe e também talvez uma das mais novas da turma, Caroline Stefania da Silva Ferreira, de 19 anos, foi uma das primeiras colocadas entre os aprovados no curso. Ela veio de mudança de Itaquaquecetuba (SP) – cidade localizada na região metropolitana de São Paulo, essencialmente urbana e com praticamente o dobro da população de Passo. “Achei Passo Fundo acolhedora, com uma boa estrutura geral e de saúde”, disse. Mesmo tendo conseguido uma bolsa de 100% do Prouni em uma universidade privada de São Paulo, ela optou pela UFFS, por considerar o ensino público de melhor qualidade. Assim como o colega Catiano, a medicina sempre fez parte de seus planos. "Sempre gostei de ajudar as pessoas e não me via em outra profissão em que não pudesse cuidar e ajudar as pessoas todos os dias, como é rotina da medicina. Um ensino de qualidade é muito importante nessa área e, como este curso quer formar profissionais que saibam tratar as pessoas de forma igual, acho que vou me adaptar perfeitamente”, explica.
Diferencial
Um diferencial do projeto pedagógico do curso de medicina da UFFS é tratar o Sistema Único de Saúde (SUS) como tema central. Durante os seis anos do curso, a grande ênfase será a atenção básica, colocando os estudantes em contato com a prática na rede pública desde as primeiras aulas. O diretor do campus, Vanderlei de Oliveira Farias, explica o objetivo é formar médicos generalistas, conectados com a atenção básica do SUS e capacitados a resolver uma multiplicidade de problemas relacionados a medicina, desde uma gripe até doenças mais graves. “Este médico vai ter as condições e as ferramentas pedagógicas para dominar todos os tipos de doenças e não criar, ainda na graduação, um especialista. E a melhor forma para fazer isso é colocá-los imersos no SUS o mais cedo possível para que ele possa compreender esta lógica de atendimento”, complementa.
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