Tudo bem que GTA V está aí e tal, mas vamos pôr as coisas no lugar e em suas respectivas vibes. Fazia um tempo considerável – e olha que procuro sempre estar a par dos grandes lançamentos – que um jogo não seduzia e aterrorizava tanto como The Last of Us (TLOU). A obra foi concebida pela NaugthyDog, produtora que vem numa linha crescente desde o começo da série Uncharted, também exclusiva para Playstation 3. O jogo foi lançado em julho desse ano e colecionou notas máximas em sites e revistas especializadas (Edge, Eurogamer e FinalBoss, só para citar alguns) mundo afora, tornando-se forte concorrente ao título de jogo do ano.
O cenário é um mundo pós-apocalíptico destruído pelo fungo cordyceps, que transforma humanos em zumbis-plantas-monstros-aterrorizantes-pra-caramba. As pessoas não vivem mais, elas sobrevivem em locais controlados pelos militaresou então tentam a sorte em locais tomados por infectados. É no meio disso que Joel recebe a missão de levar à pequena Ellie, que nasceu após o surto pandêmico e não conhece outro mundo, até o outro lado dos EUA passando por áreas desconhecidas, perigosas e bastante claustrofóbicas.
Mas não são apenas os minuciosos gráficos que puxam o hardware do console da Sony até o máximo, nem somente ajogabilidade que equilibra tensão, ação e exploração de maneira perfeita os fatores que chamam a atenção. Grandes filmes e séries que saíram últimos anos, como Onde os Fracos Não Tem Vez, A Estrada, Bravura Indômita e The WalkingDead se fundem na base estrutural da trama e na relação simbiótica entre os dois protagonistas, que é o motor de todo o desenvolvimento do jogo. Você vai se preocupar de verdade em proteger Ellie, ainda mais com o nível de interação que a inteligência artificial do personagem executa: ela conversa, brinca, conta piadas e ajuda nos combates. É tudo uma questão de imersão, e isso TLOU tem de sobra, principalmente em ambientes como metrôs sombrios e alagados, bairros esquecidos e prédios fantasmagóricos à noite.
Esse é um game que faz o jogador se arrastar para virar. Explico: você simplesmente não quer que ele termine, nunca. A sensação de êxtase ao completar The Last of Us é logo substituída por uma depressão, de que tal experiência não irá se repetir, “o que eu vou jogar depois disso”, etc. O título vai ter seu lugar reservado na prateleira dos games inesquecíveis, mas esse vazio dura até o próximo jogo, pelo menos é o que se espera, não?