Crescendo na linha do tempo

Pais e mães compartilham os momentos dos filhos nas redes sociais desde as primeiras horas de vida. Enquanto as fotos digitais se multiplicam dia após dia, as impressas ficam restritas a momentos especiais ou para presentear familiares e amigos

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Cerca de 30 minutos após o nascimento, o pequeno Rafael Fernando Rebechi Pires já era conhecido por centenas de pessoas. A expectativa pelo nascimento do novo colorado que se prolongou pelos nove meses de gravidez da mãe Adriane Rebechi Rodrigues chegava ao fim. Naquele momento todos já podiam ver como era o rostinho do bebê que ainda estava na maternidade. Nas redes sociais, em poucos minutos familiares e amigos acompanhavam, curtiam, comentavam e compartilhavam do momento de felicidade do casal pelas postagens do pai coruja Jaderson Pires.

O anúncio da chegada de Rafael foi feito pelo Facebook em uma foto feita pelo celular do pai Jaderson que acompanhou de perto o parto. No aparelho também estão armazenadas fotos e mais fotos do bebê que ainda não completou um mês. “Tenho as fotos dele disponíveis sempre que quero. Qual pai não gosta de mostrar o filho para os outros?”, afirma cheio de orgulho enquanto embala o bebê.

Os parentes por parte do avô paterno de Rafael o conheceram pela internet, bem como os amigos do casal que moram na Argentina e nos Estados Unidos. No total, o pai estima ter postado mais de 100 fotos desde o dia do nascimento. “Posto quase tudo dele: a primeira mamada, fotos dos dias que ele teve de ficar na incubadora, de quando ele saiu do hospital. É uma forma também de os amigos e familiares acompanharem e saber que está tudo bem”, pontua.

Para o casal, cerca de 95% de todas as fotos que fazem ficam apenas no formato digital. “Fazemos algumas em papel, principalmente para presentear os avós e tios”, conta a mãe Adriane. O avô e a avó paternos utilizam o computador, mas apenas a vó tem Facebook. “Ela curte, comenta e compartilha as fotos do neto”, acrescenta. Pelas contas do casal, as fotos do pequeno Rafael superam facilmente a marca das mil curtidas na rede.

No papel e na rede
Quando Franco Leonardi nasceu há pouco mais de três anos, a mãe Ana Leonardi não curtia a ideia de ter as fotos do filho espalhadas pela rede. Resistente a ideia de divulgar as fotos do primeiro filho, um dia ela se viu numa situação que mudou a sua forma de pensar. Um primo havia feito fotos do filho e ela precisava saber se ele tinha colocado no Facebook. Não teve outra escolha, teve de criar um perfil para tirar a dúvida. Para a surpresa dela, não só o amigo havia compartilhado fotos do bebê que já estava com cinco meses, como várias outras fotos dele estavam em perfis de familiares e amigos. A partir de então ela passou a compartilhar as fotos dela, do filho e do marido Marcos Leonardi.

Pouco mais de dois anos mais tarde, com o nascimento de Enrico, hoje com 10 meses, a mãe já está acostumada com a rede e compartilha tudo que os pequenos fazem. Os passos da dupla também são compartilhados pela avó Ceci Simor que cuida dos pequenos no turno em que a mãe está trabalhando. Cada brincadeira diferente é motivo para cliques e postagens. “Fiz negrinho com eles e postei fotos com o Franco enrolando as bolinhas e o Enrico se lambuzando com a colher”, lembra a avó destacando que esta também é uma forma de a mãe e o pai ficarem sabendo o que a dupla faz enquanto eles estão trabalhando.

“No Facebook coloco todas as novidades. Os amigos que não vemos há muito tempo ficam sabendo”, conta a mãe Ana. Mesmo assim, a família não abandona a foto em papel. No entanto, elas ficam restritas a momentos específicos como aniversários, ou para presentear os avós. Nos porta-retratos também estão dispostas fotos dos pequenos. “Quando o Enrico nasceu, fizemos fotos para entregar a equipe que fez o parto como forma de agradecimento”, acrescenta. Muitos parentes conheceram os irmãos pela internet, assim como amigos do casal que nem chegaram a ver Ana grávida.

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