Reação
O Tenente Coronel Fernando Carlos Bicca, comandante do 3º RPMon, escreve à colunista (texto na integra abaixo), dizendo-se estupefato com os comentários feitos na coluna de ontem a respeito da segurança pública do município. Segundo ele, “atacando, sistematicamente, os órgãos de segurança, acusando-os de ineptos e insinuando sua indolência - quando não conivência - diante do crime”. Mais adiante diz o Ten. Cel.: “Mesmo em uma ação exitosa da BM, como ocorreu na prisão dos indivíduos que tentaram assaltar um estabelecimento comercial no centro da cidade, tendo baleado um cidadão, verifica-se a crítica desmedida. Tenho, comigo, a certeza de que a postura alarmista serve para atemorizar a população e criar um ambiente mais propício ao crime.”
Fatos
Em primeiro lugar, a coluna elogiou a ação rápida da Brigada Militar, que prendeu quatro dos seis envolvidos na tentativa de assalto de segunda-feira à tarde, logo na introdução do tópico que tratou do tema. Em segundo, não há crítica sistemática aos serviços de segurança pública, mas sempre que necessário, sim, o espaço reproduz anseios da população. Assim como o papel das polícias é combater o crime, o papel da imprensa é o de noticiar fatos, se posicionar diante destes fatos e dar suporte para que a população se manifeste. Não fosse assim, viveríamos num regime de ditadura. O fato é que, sete estabelecimentos do mesmo ramo (joalherias) foram assaltadas nos últimos dois meses e, na última ação, o proprietário foi ferido com gravidade.
Respostas
O Ten. Cel. Bicca responde as questões feitas pela colunista as quais transcrevo, pois são respostas dirigidas à população:
a)os serviços de inteligência das polícias estão atuantes e tem propiciado o planejamento de nossas atividades e – não raro – a identificação e prisão de vários indivíduos que causam mal à sociedade; b) as câmeras de monitoramento tem servido para orientar ações policiais e contribuído para a elucidação de crimes e responsabilização penal de seus autores; c) não precisamos que mais alguém seja ferido para que tenhamos uma atuação eficaz e positiva da segurança pública, tal atuação ocorre, dentro das limitações naturais dos órgãos policiais e os resultados são a prova de que “algo de positivo” tem sido demonstrado pelas nossas atuações; d) não precisamos nos transformar em manchete nacional para que algo seja feito com urgência.
Correntes
O Movimento PT, uma das correntes internas do partido, está apoiando a candidatura a presidente de Neri Gomes. Quem apoia a candidatura de Adelar Aguiar é o Movimento Independente de Lutas e Massas. As disputas internas do PT são históricas e a eleição para o diretório em Passo Fundo não seria diferente, como mostrou a repórter Cássia Paula Colla na matéria publicada ontem por ON.
Integra da carta enviada pelo Ten. Cel. Fernando Carlos Bicca à colunista
Vejo, com estupefação, os comentários feitos pela colunista Zulmara Colussi à respeito da segurança pública no Município de Passo Fundo, atacando, sistematicamente, os órgãos de segurança, acusando-os de ineptos e insinuando sua indolência - quando não conivência - diante do crime.
As nossas polícias e especificamente a Brigada Militar (organismo pela qual falo), tem se desdobrado, de todas as formas possíveis no sentido de coibir e prevenir a criminalidade, adotando ações proativas em benefício da segurança da população; tais ações tem propiciado a prisão e identificação de inúmeros malfeitores que atuam em nossa cidade, mas a colunista teima em não ver isto, pois sempre é mais fácil criticar do que auxiliar.
Mesmo em uma ação exitosa da BM, como ocorreu na prisão dos indivíduos que tentaram assaltar um estabelecimento comercial no centro da cidade, tendo baleado um cidadão, verifica-se a crítica desmedida. Tenho, comigo, a certeza de que a postura alarmista serve para atemorizar a população e criar um ambiente mais propício ao crime.
A Brigada Militar orienta suas ações de acordo com as demandas da população e as suas limitações de meios humanos e materiais, desta forma, após percebermos o aumento dos crimes contra joalherias no centro da cidade, redirecionamos nossos limitados esforços com o objetivo de atender tal demanda urgente da população, sem que tenha sido possível estancar definitivamente a ocorrência do delito.
Temos a consciência tranquila com relação aos serviços prestados por nossos policiais e a prisão de ontem mostra que nosso planejamento estava – e está – correto. Estudando-se TODOS os demais assaltos desta natureza, verificamos que havia policiamento nas imediações do estabelecimento vitimado, decorrência do planejamento e execução da atividade policial coerentes com a realidade vivenciada na atualidade. Ocorre que, a extrema agressividade demonstrada pela juventude delinquente, aliadas à sua impulsividade e inconsequencia, determina ações muito ousadas, revelando pouca importância às consequencias do fato criminoso, talvez confiantes na impunidade – ou pior – demonstrando falta de valor à vida - própria ou alheia - fruto de uma sociedade cujos valores devem ser questionados e modificados. A ação dos meliantes na zona mais policiada e vigiada da região norte do estado – o centro de Passo Fundo – é indicativo seguro de que a possibilidade de serem presos, identificados ou mesmo mortos em eventual tiroteio com a polícia, não atemoriza os infratores da lei e que nenhum aumento de efetivo policial será suficiente para curar esta doença social que parece se alastrar dia-a-dia.
Por fim, devo responder aos questionamentos da colunista em 15 de outubro de 2013: a) os serviços de inteligência das polícias estão atuantes e tem propiciado o planejamento de nossas atividades e – não raro – a identificação e prisão de vários indivíduos que causam mal à sociedade; b) as câmaras de monitoramento tem servido para orientar ações policiais e contribuído para a elucidação de crimes e responsabilização penal de seus autores; c) não precisamos que mais alguém seja ferido para que tenhamos uma atuação eficaz e positiva da segurança pública no município, tal atuação está ocorrendo, dentro das limitações naturais dos órgãos policiais e os resultados de suas ações são a prova de que “algo de positivo” tem sido demonstrado pelas nossas atuações; e, d) não precisamos nos transformar em manchete nacional para que algo seja feito com urgência, pois já se está fazendo algo, embora os resultados sejam menores do que gostaríamos que fosse, em razão de deficiências de toda ordem que não são de responsabilidade única das polícias.
Sem queremos nos eximir de responsabilidade, devemos refletir que, sendo o crime um fenômeno social, algo há que ser feito no sentido de transformar nossa sociedade e não – de forma simplista – atribuir responsabilidade única à polícia pelos insucessos sociais.
Atenciosamente,
FERNANDO CARLOS BICCA
Ten Cel - Comandante do 3º RPMon