O depoimento emocionado de uma mãe que perdeu um filho vítima da violência no trânsito marcou o início a 1ª Conferência Regional de Políticas de Segurança no Trânsito, realizada na tarde desta quarta-feira (16) no auditório da Biblioteca Central da UPF (Universidade de Passo Fundo). Perdi meu filho vítima de um acidente de trânsito há 11 anos. O tempo passa, mas é uma dor muito grande que parece não ter fim”, contou Zenaide Valério. Ela foi convidada a dar seu depoimento por ser uma das fundadoras e atual presidente do grupo Renascer, que apoia mães que perderam seus filhos em acidentes de trânsito ou por algum outro motivo. Seu filho, Taciano Zatti Valério, de 32 anos, faleceu em um acidente provocado por um motorista novato que realizou uma ultrapassagem pelo acostamento.
Acidentes como o que matou o jovem Taciano estão mais frequentes e, segundo levantamento apresentado pelo coordenador do Comitê Estadual de Mobilização pela Segurança do Trânsito, tenente coronel Oderli Savedra Gomes, estão vitimando na região de Passo Fundo mais jovens (32%) e homens (77%). Somente na região do Corede Produção, que concentra Passo Fundo e outros 20 municípios, em 6 anos ocorreram 443 acidentes fatais com 533 mortes e o envolvimento de 782 veículos. A grande maioria das vítimas (223) morreu em Passo Fundo, seguido de Carazinho (104) e Marau (64). “São jovens que estão na universidade, que estão iniciando uma vida profissional e familiar e que perdem a vida por causa da violência no transito”, explicou.
Educação e envolvimento
Na opinião da psicóloga e consultora do Instituto Zero Acidente, Arilcéia Severino, que participou do debate, este comportamento irracional no trânsito acontece porque os motoristas não se sentem integrados ao processo. “O trânsito somos todos nós, pedestres, ciclistas, motoristas, motociclistas e caroneiros. A sociedade toda tem que estar envolvida”, afirmou. Para envolver a sociedade na missão de reduzir as estatísticas e, principalmente não provocar mais a dor daqueles que perdem familiares e amigos no trânsito, a alternativa é a educação. “Educação no trânsito se faz em todos os lugares, escolares ou não e, por isso precisa envolver não somente o Estado, mas também os municípios, através das secretarias de trânsito, mas também as de educação e de saúde”, explicou.
A sugestão dos organizadores da conferência é que os municípios e entidades locais promovam ações, baseadas na realidade local, para educar e formar motoristas conscientes. O trabalho, conforme a psicóloga deve abranger não somente as escolas, mas também com campanhas educativas através dos veículos de comunicação, assim como as campanhas realizadas pela TAC (Transport Accident Commission), instituição governamental do estado australiano de Victoria, que indeniza vítimas de acidentes de trânsito, semelhante ao DPVAT brasileiro. Um dos vídeos da TAC foi apresentado na conferência, emocionando o público pelas imagens impactantes de mortes no trânsito e linguagem forte que remete as graves consequências de ações irracionais no trânsito, como cenas de jovens que acabam provocando a morte de seu melhor amigo porque dirigia embriagado. Victoria é segundo Estado mais populoso da Austrália e registrava um alto índice de acidentes. As campanhas da TAC participação importante na mudança de comportamento e contribuíram para que hoje Victoria tenha um dos melhores níveis de segurança viária do mundo.
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