Criatividade a serviço da alfabetização

Durante as aulas, personagens clássicos e brincadeiras saltam das páginas e ganham vida em sala de aula

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A partir da utilização de livros de literatura infantil e uma boa dose de criatividade, uma professora da escola municipal Lions Clube Passo Fundo Norte, na vila Entre Rios, vem fazendo a diferença no processo de alfabetização de seus alunos. Durante as aulas, personagens clássicos e brincadeiras saltam das páginas e ganham vida em sala de aula. A iniciativa foi a forma encontrada pela professora Márcia Helena da Silva, 46 anos, pelo menos 26 deles dedicados ao magistério, tentar mudar uma realidade constatada na época em que lecionava nas turmas dos 4º e 5º anos: o déficit de leitura. “Percebia a dificuldade dos alunos com a leitura, interpretação e escrita. Sentia necessidade de buscar uma nova maneira de ensinar que despertasse o interesse deles” lembra. 

Em 2013, ela assumiu a turma do 2º ano, e descobriu que o caminho estava justamente nos livros infantis. Para cada letra do alfabeto ensinada, uma aventura diferente. A professora passou a produzir roupas dos personagens, máscaras, brincadeiras surpresas, guloseimas, e dezenas de outros objetos relacionados com os textos. Completamente envolvidos pelas histórias, os 24alunos da turma passaram a elaborar frases, produzir pequenos textos, realizar ditados e separação silábica. “Tudo é feito a partir da história que está sendo trabalhada no momento” explica. A cada novo livro, Márcia inventa uma surpresa, tirando dinheiro do próprio bolso para custear as despesas com materiais. “Fico pensando em casa, de madrugada, na elaboração de elementos para inserir um novo livro. Tenho três filhas professoras, converso com elas, trocamos ideias, e parto para a prática” revela.

Ao ensinar uma das letras, por exemplo, a professora montou um minhocão com vários objetos e estendeu sobre a sala. O desafio dos alunos era fazer a retirada dos objetos e escrever o nome no quadro. Na história do Gato Xadrez, uma caixa surpresa instigou a curiosidade dos pequenos. A mesma obra ganhará nos próximos dias, uma versão no formato teatro de sombras. Os fantoches já estão sendo preparados por Márcia. O processo de alfabetização, afirma ela, inclui ainda cantigas de rodas e o resgate de antigas brincadeiras. Na avaliação da educadora, a metodologia de ensino trouxe avanços, como o interesse e o prazer pela leitura, no entanto, reconhece que alguns alunos ainda não estão alfabetizados. Coordenadora pedagógica da escola, a professora Adriana Roesler Simões, avalia positivamente a experiência em sala de aula. Ela destaca uma melhora significativa dos alunos no processo de leitura e também no aspecto comportamental. “Eles estão menos desinibidos, o que ajuda na socialização”.

Segundo Adriana, a iniciativa vem sendo compartilhada com as professoras que participam do Pacto Nacional pela alfabetização na idade certa. O projeto do Governo Federal reúne professores da rede municipal que lecionam nas turmas até o 3ª ano do ensino fundamental. Na semana em que se comemorou o dia do professor, Márcia disse que a educação é a ferramenta para superar as desigualdades sociais. “O que falta para alguns professores é acreditar nos alunos. O professor quer ser valorizado, mas também precisa se valorizar” afirma.

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