Integrantes do projeto Mulheres da Paz lembraram ontem à tarde, um ano do assassinato da colega Sílvia Miranda Aparecida, 36 anos. Considerada símbolo da luta contra a violência à mulher em Passo Fundo, a ativista foi morta com cinco facadas desferidas pelo genro, quando tentava defender a filha durante uma briga, na noite de 25 de outubro, no bairro Jaboticabal, onde residia. O acusado do crime está preso aguardando julgamento.
A concentração teve início por volta das 15h30min, no centro da cidade. Para chamar a atenção do público, as mulheres estenderam uma colcha de retalhos, confeccionada por várias mãos durante o projeto, junto à estátua do Teixeirinha. Simbolizando o pedido de basta à violência, elas pintaram as mãos e marcaram sobre os cartazes.
Logo após, o grupo, formado por aproximadamente 40 ativistas, partiu em direção ao fórum. Em frente ao prédio, elas se emocionaram com a leitura de uma carta, escrita pela colega Léia Fátima da Silva, 34 anos. “Conheci a Sílvia durante o projeto. Era batalhadora, fazia de tudo pela família. Um exemplo, por isto, resolvi fazer esta homenagem” disse.
Bastante emocionada, a mãe, Ortelina de Miranda, 65 anos, pede que seja feita justiça e diz que pensa na filha todos os dias. “ É muita tristeza. Sinto muita falta dela. A gente luta, mas é muito triste” Ortelina ficou com a guarda de três dos cinco netos deixados por Sílvia. As mulheres encerraram o ato após uma oração de mãos dadas.
Desde o assassinato de Sílvia, as ativistas realizaram dezenas de protestos, incluindo uma vigília de 20 dias em frente ao fórum, logo após o crime. Elas pedem que o autor seja levado a júri popular e condenado. Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, Márcia Carbonari, avalia que as mobilizações são resultados do trabalho de conscientização adquirido durante o projeto Mulheres da Paz, do qual Silvia, não somente fazia parte, como era uma das lideranças no bairro Jaboticabal.
A iniciativa chegou a reunir 130 ativistas, antes de ser extinta em maio deste ano. Segundo Márcia, mesmo sem receber pela prestação dos serviços, muitas integrantes não abandonaram a missão. “Elas seguem participando de formações, debates e outros tipos de ações. O problema é que faltam políticas públicas para manter iniciativas como esta” afirma.
A ativista avaliou de maneira positiva a instalação da Patrulha Maria da Penha no município, a partir de dezembro. O curso de formação dos policiais militares aconteceu esta semana. A patrulha será formada por 15 PMs. “É uma avanço importante porque teremos ações articuladas entre vários órgãos. Estes policiais estarão mais presentes nos bairros dando suporte às vítimas”.