Ocupação da Annoni completa 28 anos

Fato considerado símbolo na luta pela terra no Brasil foi relembrado ontem

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O agricultor Egon Inácio Schwaab, 57 anos, não conteve a emoção ao voltar no tempo durante a encenação da histórica noite de 29 de outubro de 1985, quando cerca de 1,5mil famílias ocuparam a fazenda Annoni, na época pertencente ao município de Sarandi, região norte do Estado. O fato, considerado um dos mais emblemáticos na luta pela terra no Brasil, completou 28 anos ontem. A data foi comemorada com uma grande festa na área 1 do assentamento e teve a presença do governador Tarso Genro. 

A programação iniciou por volta das 9h, com a participação de pelo menos duas mil pessoas, vindas de 27 assentamentos espalhados pelo Rio Grande do Sul. Um dos momentos mais emocionantes foi a chegada dos agricultores na carroceria de um caminhão antigo. Empunhando as tradicionais ferramentas e entoando os gritos e hinos do movimento, eles reviveram o momento em que pisaram pela primeira vez na Annoni. “Ficamos de seis a oito meses preparando aquela ocupação. Fazendo contato com outros municípios e decidindo qual seria a área escolhida. Felizmente deu tudo certo. Não tenho palavras para definir o que estou sentido agora. A partir desta luta consegui tirar o sustento para criar minha família. Minha filha cursa economia na Bahia e meu filho faz medicina em Passo Fundo” conta Egon, que permaneceu durante dois anos acampado na Encruzilhada Natalino.

Um dos fundadores do MST no Rio Grande do Sul, Darci Maschio, 56 anos, tem as imagens vivas na memória quando saiu de Três Passos dirigindo um fusca e sendo seguido por 20 caminhões carregados de agricultores. “Na noite em que entramos não houve enfrentamento. A Brigada Militar não tinha efetivo suficiente para enfrentar seis mil pessoas. Os confrontos aconteceram nos dias seguintes. Eles fecharam todas as entradas e saídas. Ficamos cercados durante quatro meses. Montaram um quartel general. Todo mundo era revistado” lembra. Aos poucos, os ocupantes foram se espalhando pelos 9 mil hectares da fazenda, que mais tarde foi dividida em 16 áreas. Atualmente residem na Annoni 412 famílias, cerca de 2,5 mil pessoas. O sustento é tirado do cultivo da soja, milho, trigo, produção de leite e carne, através de um sistema de cooperativas.

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