Coordenador da FUNAI recebe produtores

Fundação garante que não tem estudo de demarcação de terra para região de Pontão. Mobilização reuniu mais de 100 produtores rurais de pelo menos cinco municípios da região na manhã desta sexta-feira (8)

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Depois da manifestação dos produtores rurais que ocorreu em frente a FUNAI na última quarta-feira (6), o coordenador na Fundação Nacional do Índio de Passo Fundo, Roberto Perin, recebeu os produtores nesta sexta (8). Enquanto acontecia a reunião com dez representantes dos produtores, cerca de 100 produtores rurais se organizaram em frente ao prédio da Fundação e penduraram cartazes. Segundo o presidente da Associação de Produtores Rurais de Pontão e vice-presidente do Sindicato Rural de Passo Fundo, Jair Dutra, o coordenador condicionou a entrada limitada de produtores, pois, do contrário, se reuniriam com o mesmo número de indígenas. 

A reunião resultou em algumas soluções, conforme Dutra. “Nós determinamos realizar uma reunião em Brasília, junto com a 6ª Câmara, no Ministério Público Federal”, disse. Outra reunião que deve acontecer nas próximas semanas, é junto ao governo do Estado. “Devemos conversar com o governador Tarso Genro e, também, com o secretário do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, Ivar Pavan”, acrescenta. É o MPF em Brasília que determina as questões relativas a demarcações inclusive com determinações à Funai.

De acordo com Jair Rodrigues, vice-presidente do Sindicato Rural e presidente da Associação de Produtores de Pontão, ficou definido que o prefeito de Pontão, Nelson Jose Grasselli, irá agendar uma reunião entre o secretário estadual Ivar Pavan, governo estadual e Funai para tratar das terras que o governo estadual disse que poderia ceder para os índios, como áreas da CEEE e CESA, que inclusive o governo já colocou à disposição da Funai. “O coordenador nos afirmou que a Funai quer estas áreas e que se fossem doados pelo menos 200 hectares de terra já acalmaria os índios que estão em busca de áreas no RS. É o que esperamos”, ressaltou Jair. O representante do Sindicato Rural lembrou que Perin garantiu que os grupos de trabalho não irão atuar em Pontão e Ciríaco neste momento e em Mato Castelhano, que já está encaminhando, continuará atuando. “O Ministro da justiça determinou na quinta-feira a suspensão dos grupos de estudo”, concluiu.

Cestas básicas
Ainda foi determinado em reunião que junto às entidades e prefeituras da região de Passo Fundo, um documento deve ser elaborado para entregar ao Ministério Público Federal solicitando que a FUNAI não tenha mais obrigações de distribuir cestas básicas para os indígenas acampados em beira de estradas. Em Passo Fundo, a Fundação recebeu ordens do MPF local para distribuir cestas básicas onde houver acampamentos. A Funai disse que acharia salutar entregar nos locais de origem (reservas indígenas), mas precisam entregar nos acampamentos. Em locais já cadastrados é difícil que seja evitada a entrega de cestas básicas, mesmo assim será feito pedido na capital brasileira.

A Fundação também enviará um pedido à Polícia Federal, para realizar, com urgência, o arrendamento em áreas onde pertencem aos produtores. Outra colocação feita durante as quase duas horas em que ficaram reunidos, foi trazer à tona, novamente, a discussão da distribuição das terras que pertencem à Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa). “Nós descobrimos que foram ONG’s, não divulgadas, que incentivaram os índios a não aceitar as terras propostas pelo governo. Mas nós vamos trazer de volta esta discussão”, acrescenta.

Funai
Segundo o coordenador substituto da Fundação Nacional do Índio de Passo Fundo, Roberto Perin, relatou que a reunião serviu para orientar os agricultores sobre o andamento dos processos de demarcação terras no Rio Grande do Sul, especialmente sobre a situação das terras no município de Pontão. “Apresentei para a comissão os locais onde a Funai já tem pactuado estudos de demarcação de terras e, por enquanto, não existe estudo de terra para a região de Pontão”, garantiu. No entanto, ele ressaltou que já está pactuada a demarcação de Sananduva, faltando à Justiça Federal encaminhar a determinação ou que o Ministério da Justiça suspenda a decisão. “Eu como coordenador substituto regional, se vier a determinação eu tenho que executar”, disse.

Sobre a oferta de doação de terras da Cesa para os indígenas pelo Governo Estadual, Perin explicou que a Funai defende que os índios tenham a mínima infraestrutura. “É melhor ter os índios num espaço de 10, 20 hectares, do que ter eles amontoados em meio hectare. O ideal é ter um espaço com condições de oferecer as ações públicas, como escola, unidade de saúde, saneamento básico e energia elétrica. É necessário fazer uma gestão nisso”, disse.

Serrinha
O coordenador ainda explicou o andamento das terras da Comunidade Indígena da Serrinha (próximo de Ronda Alta). Atualmente 43 famílias ainda vivem nas terras, que já foram demarcadas e depois retomada pelos produtores. Segundo Jair, vai ser atualizado os valores de indenização referente as benfeitorias dessas 43 famílias que ainda estão na região e o pagamento será feito até metade de 2014. “Caso se neguem a receber, o depósito será feito em juízo e as famílias serão desinstruídas”, disse.

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