O escritor e sociólogo Eugênio Giovenardi fez duras críticas ao atual modelo de produção, durante sua participação na 13ª Feira Regional da Economia Popular Solidária (Fresol), que iniciou ontem e segue até domingo, no Igaí Eventos. Especialista na recuperação de áreas nativas e de nascentes, o ambientalista disse que a humanidade caminha em direção ao precipício se continuar colocando o consumismo como sinônimo de felicidade. “Já extrapolamos os limites. O homem acredita que vai conseguir resolver os problemas e o impasse que ele próprio está criando na natureza. Temos só um planeta” comenta.
Autor de 13 livros, entre eles, O retorno das águas, As Árvores falam, e Os pobres do campo, Giovenardi exemplificou com números as consequências da exploração irracional dos mananciais hídricos do planeta. “Atualmente dois bilhões de pessoas não têm acesso a água doce. Em 2050 seremos 9 bilhões na terra, e o dobro de pessoas sem água” estima.
No entendimento do sociólogo, natural do município de Casca, mas residindo em Brasília há vários anos, o conceito de crescimento foi transformado numa espécie de mito, traduzido pelo aumento da produção. “Todos os dispositivos, universidades, centros de pesquisas, governos, trabalham em função deste conceito. São os adoradores do Produto Interno Bruto (PIB), uma espécie de Deus. No meu entendimento, crescimento deve ser usado de maneira racional para trazer felicidade e bem estar à humanidade. Já o sistema relaciona a felicidade com o consumo porque dá prestígio aos olhos dos outros. Você passa a ser respeitado por aquilo que tem, não pelo que é ” avalia.
Para fugir deste modelo, diz o escritor, é preciso retomar uma certa simplicidade de produção, como por exemplo, a utilização de material orgânico no lugar do adubo químico. “Temos de optar entre uma sociedade de lucro, ou uma sociedade saudável e feliz. Somos uma sociedade doente, por sermos ignorantes. Claro que os grandes investidores sabem disso e contam com esta nossa ignorância. Entramos na mística do crescimento” diz.
"Estamos caminhando em direção ao precipício"
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