A prefeitura municipal de Fontoura Xavier, no norte do Estado, passou a segunda-feira (11) prestando atendimento e contabilizando os prejuízos provocados pelo temporal que atingiu a cidade no domingo (10) à noite. Os 15 minutos de chuva de granizo foram suficientes para destelhar pelo menos 1,3 mil residências, de um total de 4,5 mil existentes na cidade, e destruir lavouras no interior. A soma dos estragos é acima de R$ 10 milhões. Cinco pessoas ficaram feridas, todas sem gravidade.
O temporal, apontado pelo executivo como o maior na história dos 48 anos de existência de Fontoura Xavier, iniciou por volta das 23h. Em poucos minutos, as pedras de granizo, comparadas aos tamanhos de laranjas e ovos, acompanhada de ventos fortes, deixaram um rastro de destruição.
A prefeitura iniciou o atendimento ainda na madrugada. Pela manhã, o prefeito Tiago Zanotelli precisou comprar mais lonas nos municípios vizinhos para suprir a demanda, que totalizou 50 mil metros cúbicos. Pelo menos 80 famílias tiveram de ser abrigadas no ginásio municipal. Até o final da tarde ontem, 50 delas permaneciam no local. Para recuperar o telhado das 1,3 mil casas atingidas, a prefeitura estima a compra de 53 mil folhas de amianto. A chegada material está prevista para os próximos dias.
O temporal também causou estragos no interior. Diversas estradas ficaram bloqueadas. O transporte escolar não teve acesso em 15 rotas. Em razão disto, a prefeitura decidiu suspender as aulas dos 1,8 mil alunos das redes privada e pública, nas 16 escolas existentes na cidade. Segundo o prefeito, a medida deve se estender pelo menos até quarta-feira. Para liberar o escoamento da produção leiteira, máquinas da prefeitura trabalharam o dia todo ontem nas estradas do interior.
Lavouras destruídas
Nas propriedades rurais, a segunda-feira foi de tristeza e desolação. O granizo destruiu lavouras inteiras de soja, milho, feijão, aveia, erva-mate e frutíferos. Levantamento realizado pela Emater apontou um prejuízo de R$ 9,8 milhões somente na agricultura do município. “Estamos dando prioridade para recupera as casas, mas o estrago foi muito grande” comentou o secretário de administração, Deonir Nhoatto.
‘Nunca tinha visto algo assim’
Moradora da vila Candinha, uma das mais atingidas pelo temporal, Eliane de Lima Rodrigues, 34 anos, juntamente com o marido e os três filhos, com idades entre 5 e 14 anos, já se preparavam para dormir, quando iniciou o pesadelo. Em poucos minutos, a chuva de granizo destruiu a cobertura de telhas de amianto de sua residência.
Para escapar das pedras, as crianças foram colocadas embaixo de uma mesa e cercadas com cadeiras. Enquanto isto, ela e o marido tentavam cobrir os aparelhos eletrônicos para evitar ainda mais prejuízos. A situação só amenizou com a chegada das lonas. “Passamos a noite em uma cama de solteiro. Nasci aqui e nunca tinha visto algo assim. Foi apavorante” conta.