OPINIÃO

Coluna Celestino Meneghini

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Os intocáveis
Reveste-se de importância, digamos, altamente pedagógica para a compreensão republicana, a recente decisão do Senado, banindo do plenário excelso a figura do voto secreto. As decisões em voto velado, sobre cassação de parlamentares pelos seus pares, não significava apenas a incidência de um corporativismo pouco salutar. Pior era a permanente expectativa de impunidade ética, por conta das mútuas compensações, inclusive atos de corrupção. O voto aberto é dever democrático do parlamentar e informação necessária na prestação de conta do mandato aos eleitores. A mudança, pressionada pelas manifestações do povo nas ruas, é passo significativo na mudança de hábito dos relacionamentos entre figuras públicas do Brasil. Isso demorou muito, embora alguns pruridos não permitam o exorcismo definitivo, referindo-se a aprovação de nomes para indicação de cargos nas cortes judiciárias, como se estas fossem instituições de um planeta superior. A transparência ajuda a afastar atrelamentos históricos ao período imperialista brasileiro com a vigência de sistemas protetores de castas que nunca assumiram o dever de mudar a nação. Logo mais veremos com naturalidade o fim do foro privilegiado (ou especial), em razão do status político dos eventuais infratores que até antes de Joaquim Barbosa pareciam intocáveis.

Os intocáveis – II
Os galões da excelsa hierarquia passarão a ter brilho somente nas reuniões de cúpula ou nas altas casernas. A cidadania republicana deve existir sob o manto da isonomia, permanecendo incólumes as previsões civis, como o direito dos idosos, das crianças, das mulheres, dos segmentos reconhecidamente fragilizados da sociedade. O privilégio para delinqüir não deve existir. É preciso voltarmos a atenção à observação de Erasmo “Cucullus non facit monachum” (o hábito não faz o monge). O fato de alguém ser deputado, isso ou aquilo, não o torna uma pessoa mais santa que os outros. Ao contrário, quando infringem a lei e os princípios da sociedade, tem-se por óbvio que a culpa é maior. Até hoje é certo que vivemos para uma elite de intocáveis ao longo dos séculos. Está na hora de nos orientarmos para que a maioria do povo seja defendida.

Retoques:

* No próximo dia 6 haverá a apresentação do recital com o coral Ricordi D’Itália, no teatro do SESI. O grupo apresenta ótima qualidade, com canções que revelam a fecundidade de música tradicional italiana, difundida e associada às raízes do desenvolvimento brasileiro. O espetáculo revela um patrimônio artístico e cultural de Passo Fundo.

* O Papa Francisco está declarando que não concorda com a apatia dos homens de bem que fingem uma paz inexistente entre as pessoas. Realmente há uma tirania invisível a orquestrar os sistemas de comunicação, tudo impondo a idolatria do dinheiro. Depois da sacudida na opulência ridícula de alguns setores do vaticano; o Papa quer retomar o cristianismo para mudar este status que se criou para esconder problemas cotidianos internos, como a morte de um velho indefeso a abandonado numa noite de frio, o que comove muito menos a mídia capitalista do que uma queda na bolsa de valores.

* O Papa deixou fora, nos seus prenúncios, algumas questões que são de somenos importância, como o debate sobre o aborto e a possibilidade de mulheres no ministério sacerdotal. O valor da dignidade e do ser humano é que está em crise. Podermos ter a maior reforma religiosa, pós Concílio Vaticano II, no papado de João XXIII.

* Dois prêmios importantes da Rede Globo: a novela Lado a Lado, como resultado de pesquisa da história recente do Brasil, e a premiação da primeira dama das artes cênicas – Fernando Montenegro. É arte exportação de qualidade.

* A recomendação sobre valor dos alimentos de quando em vez apresenta notícias curiosas, mas nem sempre verdadeira. A Renali – Rede Nacional de Análises de Alimentos veicula informações como a recente constatação científica de que pessoas que consomem regularmente oleaginosas, os grãos que são produzidos na região, apresentam bons índices de defesa contra o câncer e doenças cardíacas.

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