Um jogo de empurra-empurra e pouca ou nenhuma decisão. É assim que andam as negociações da comunidade da grande Santa Marta com a 7ª Coordenadoria Regional de Educação (7ªCRE) e a Secretaria Municipal de Educação para resolver uma situação preocupante. A partir de 2014 a Escola Estadual Maria Dolores de Freitas Barros, a única do bairro a oferecer o ensino fundamental, não abrirá novas vagas para o primeiro ano. Com isso, conforme levantamento dos moradores, cerca de 150 crianças precisarão se deslocar a outras escolas do município. A 7ª CRE diz que não voltará atrás na decisão e o município ofereceu algumas possibilidades que não agradaram os pais até o momento.
A mãe Cláudia Camargo representou os pais durante o encontro que reuniu ainda representantes do CPERS, Conselho Municipal de Professores e Associação de Moradores. De acordo com ela a principal preocupação é com a situação de vulnerabilidade que se cria para crianças de seis anos que precisarão se deslocar de ônibus para outros bairros e ainda ficar esperando o transporte no final do turno de aula. “Queremos outra alternativa para que as crianças não precisem sair do bairro até que se crie outra escola”, observa. Os pais ficaram sabendo da decisão no mês de outubro e desde lá buscam uma alternativa, até o momento sem uma resposta conclusiva.
Conforme a coordenadora da 7ª CRE Marlene Silvestrin o pedido dos pais é legítimo, no entanto o Estado não tem como atender a essa demanda, pois a escola não oferece espaço suficiente. Isso acontece porque em 2014 se inicia a obrigatoriedade do oferecimento do turno integral no ensino médio com a inclusão do politécnico. Ela destaca que aquela região da cidade teve um crescimento acentuado nos últimos anos, mas não houve investimentos suficientes em infraestrutura de educação. Naquele bairro o município não possui nenhuma escola de ensino fundamental o que agrava a situação. “Todos os alunos matriculados continuarão, mas não abriremos novas turma”, reforça Marlene. Segundo ela, o Estado mantém 37 escolas de ensino fundamental no município, mas, segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, tem a responsabilidade prioritária para o oferecimento do ensino médio e esta é a preocupação da Coordenadoria. Sobre a possibilidade de o Estado e o município alugarem um espaço para resolver o problema emergencialmente ela é categórica: “O Estado não alugará espaço para o ensino fundamental”.
O secretário municipal de Educação Edemilson Brandão explica que o município está buscando oferecer todas as alternativas possíveis para resolver o problema. Além do transporte das crianças, uma possibilidade seria utilizar o espaço da Escola de Educação Infantil Fadinha que existe no Bairro e que em breve se mudará para um novo prédio. No entanto essa possibilidade depende da conclusão do novo prédio que pode não acontecer antes do início do próximo período letivo. Para ele, em caso de transporte o ideal seria transportar os mais velhos ao invés dos alunos do primeiro ano. O município também coloca a disposição a colocação das crianças em escolas em bairros próximos. “Nenhuma criança ficará sem escola”, garante.
Escola
A escola Maria Dolores está com a capacidade esgotada há anos. Com apenas dez salas de aula, das quais quatro foram construídas para funcionar provisoriamente, mas já estão em uso há 15 anos, e uma que é uma casinha construída a partir de um recurso conseguido pela escola, mas que não oferece a estrutura adequada para receber os alunos, ela atende cerca de 350 estudantes. Com essa situação a biblioteca e o laboratório de ciências também se transformaram em sala de aula.