Considerada a segunda maior comunidade de senegaleses no Rio Grande do Sul, (atrás apenas de Caxias do Sul), Passo Fundo deve reunir pelo menos 400 deles neste domingo, durante a festa religiosa em homenagem a Aamadu Bamba. Serão pelo menos 16 horas de leitura do Alcorão e confraternização. No almoço serão servidos alguns pratos típicos do país africano. O evento, aberto ao público e gratuito, acontece a partir das 8 horas, no Instituto de Filosofia Padre Berthier, na rua Senador Pinheiro, vila Rodrigues. A celebração em homenagem ao fundador da cidade santa de Touba, acontece em todos os países onde vivem senegaleses mulçumanos. “A festa é para agradecer a ele e a Deus tudo o que aprendemos, como o respeito por nossos familiares, pelo próximo e pelo Alcorão”, afirma Dalla Ndiaye, 25 anos, que está no Brasil desde 2007 e há sete meses vivendo em Passo Fundo.
Reunido na mesquita, localizada na rua XV de Novembro, o grupo encarregado de organizar a Touba Passo Fundo 2013, faz questão de enfatizar os feitos do personagem homenageado, também conhecido por “Cheikh Amadou Bamba. Mesclando o francês com o dialeto wolof e o português, Cheick Dieng, 33 anos, ressalta o papel que ele exerceu na luta pela libertação do Senegal do império francês e também contra a proibição do islamismo. “Todos os senegaleses mulçumanos seguem os preceitos e os ensinamentos que deixou. Quem não puder participar da festa, ou está em país que não permite nossa religião, faz a celebração individual dentro de casa mesmo” afirma Dieng.
Durante a festa serão servidos alguns pratos preparados de maneira típica do Senegal. Um dos maiores cuidados está com a carne. Para ser consumida pelos muçulmanos, o abate dos animais tem de seguir um padrão. Responsável pela mesquita e coordenador de assuntos religiosos de Passo Fundo e região, o moçambicano Yussufo Ahmad Omar, 36 anos, radicado em Passo Fundo desde 2003, revela que o corte deve ser realizado de maneira que o animal não sinta dor. “Na maneira islâmica, o golpe atinge de uma só vez todas as artérias do animal. Assim, o sangue não sobe para o cérebro e ele não registra a dor. Junto com o sangue elimina-se a maior quantidade possível de toxinas” explica. Além do abate, o preparo da carne também tem algumas particularidades. “Primeiro ela é fervida para posteriormente ser assada como o tradicional churrasco gaúcho” diz. Para a festa de domingo serão servidas carnes de gado, frango e ovelha.
Amadou Bamba
Fundador da cidade Touba, que em árabe significa ‘felicidade’ ou bem aventurança, no ano de 1887. Seus seguidores são chamados de Mourides (Aquele que deseja). Eles representam um sexto do total da população no Senegal. Considerado por seus seguidores como um renovador do islã, Amadou foi sepultado em 1927 na grande mesquita em Touba, a cidade santa e centro do movimento Mourides.
Conquista
As comunidades senegalesas que vivem no Brasil tiveram uma boa notícia no início deste mês. No dia 10 de dezembro, data em que se comemora o Dia Internacional dos Direitos Humanos, o Conselho Nacional de Imigração (CNIg), órgão colegiado e vinculado ao Ministério do Trabalho deliberou medidas para a regularização dos senegaleses no Brasil, concedendo permissão permanente ou visto de permanência para quem estiver dentro dos casos previstos pelo órgão. A implementação ocorrerá com a publicação no Diário Oficial da União, com a lista nominal das pessoas enquadradas nos critérios.