O veleiro Cecy alcançou as águas do rio Uruguai na manhã de ontem (29), durante a sétima etapa do projeto Navegar Rio Passo Fundo – da nascente ao mar. O grupo, formado por seis pessoas, entre professores, alunos e voluntários, percorreu aproximadamente 28 mil metros, com saída do porto Goio-en, na divisa do Rio Grande do Sul com Santa Catarina, até a barca Caxambu, próximo ao município gaúcho de Rio dos Índios. Realizado pela escola Cecy Leite Costa, em parceria com o Grupo Ecológico Sentinela dos Pampa (GESP), o destino final do projeto será a capital uruguaia de Montevidéu.
O domingo nem bem havia amanhecido quando duas equipes de seis pessoas, divididas em dois veículos, deixaram Passo Fundo com destino a Nonoai. O local havia sido ponto de chegada da etapa anterior. O Cecy deslizou pelas águas do Rio Passo Fundo por aproximadamente cinco mil metros até encontrar o Rio Uruguai. A reportagem de ON acompanhou a primeira parte deste trecho, juntamente com dois estudantes, um professor e um voluntário. A previsão inicial era navegar o trajeto em no máximo em 30 minutos, mas devido a um problema no motor, e a falta de vento para impulsionar a vela, a alternativa foi utilizar os remos.
Na chegada junto à ponte na divisa dos dois estados, a equipe que dava apoio por terra resolveu o problema no motor e a viagem prosseguiu por mais 18 mil metros. Após uma parada de aproximadamente 30 minutos em razão da chuva, o grupo chegou à barca Caxambu por volta das 17 horas.
Prestes a ingressar no 3º ano do ensino fundamental, a estudante Emanuele Rasche, 16 anos, não escondia o orgulho em navegar no barco que ajudou a construir. "Quando recebi o convite para participar não me interessei muito, depois percebi que seria uma grande experiência para a minha vida. Ajudei a cortar muita garrafa pet usadas no barco. Participei de todas as etapas e estou aprendendo muito sobre a natureza e também navegação" afirma, enquanto revisa os últimos detalhes antes do embarque.
Colega de Emanuele, Lucas Arena, 16 anos, define a experiência como 'algo para toda vida'. O jovem chamou a atenção para a falta de cuidado com o rio Passo Fundo, principalmente no perímetro urbano. "Poderia estar em outras condições, como aqui neste local, se as pessoas tivessem mais consciência sobre sua importância" declarou.
Outro tripulante do Cecy, o professor de biologia, Angelo Vinícius da Rosa Pereira, diz que o projeto, além da preocupação com a questão ambiental, oferece outros conhecimentos importantes aos estudantes, como o convívio em grupo e também o espírito de equipe. Segundo o educador, o envolvimento dos alunos no projeto já trouxe reflexos para dentro da sala de aula. "A mudança é muito clara, eles passaram a se comunicar melhor, se interessam mais pelos assuntos, participam muito mais" relata.
Coordenador do projeto, o professor Antônio Carlos Rodrigues, afirma que a que a previsão é concluir o projeto, até Montevidéu, na próxima etapa. "Ainda estamos definindo, mas a intenção é tocar direto até lá. Vamos levar uns 10 dias para percorrer este trajeto” prevê.
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